Imagine crescer com a imagem do maior vilão da história do cinema na memória e um dia ser chamado para interpretar o próprio na sua juventude. Aconteceu com Gaspard Ulliel, ator francês de 22 anos e um currículo até então restrito a filmes na sua língua natal. A nova estrela em ascensão na França deixou para trás os famosos Hayden Christensen e Macaulay Culkin e ganhou o papel de Hannibal Lecter na sua terceira versão para o cinema, "Hannibal - A origem do mal" (veja trailer), que estréia sexta-feira (20), no Brasil.Como a maioria dos seus contemporâneos, Gaspard viu o personagem - eleito o maior vilão de todos os tempos pelo American Film Institute (AFI) - pela primeira vez em DVD. Ele tinha 12 anos quando se deparou com a sagacidade perversa do Hannibal Lecter de Anthony Hopkins, em "O silêncio dos inocentes" (1991).
Confirmado para o papel, o ator tratou de ler os livros de Thomas Harris, criador do canibal. Assistiu também às outras adaptações para o cinema "Hannibal" (2001) e "Dragão vermelho" (2002), ambas com Hopkins. O personagem também está em "Caçador de assassinos" (1986), com Brian Cox. Para Gaspard, o vilão é a combinação perfeita do lado bom e ruim do ser humano.
- Ao mesmo tempo em que é um serial killer, muito violento e monstruoso, ele é atencioso, carinhoso, extremamente educado, com enorme bagagem cultural e muito talentoso para as artes - define o ator, em entrevista exclusiva para O GLOBO ONLINE, por telefone, de Paris. - As pessoas vêem um homem respeitável, mesmo se comete matanças terríveis. Ele é tão grande que a gente sente compaixão, mesmo que seja um grande vilão.
Filho de um designer de roupas esportivas e de uma produtora de moda, Gaspard começou cedo como modelo e ator de TV. Foi tudo por acaso, segundo ele. No começo era diversão tendo como o fim o dinheiro próprio. Só com 15 anos decidiu levar a sério e trabalhar na "indústria cinematográfica".
- Acho que desenvolvi uma paixão pelo cinema maior que pela atuação em si, por isso nunca fiz teatro. Da escola de atores fui pra faculdade de cinema perto de Paris. Acho que o que me atrai é a idéia de poder fazer meu próprio filme - revela Gaspard.
Com 18 anos ganhou seu primeiro importante prêmio, o Lumière de Melhor Ator Jovem, por seu pequeno papel em "Beije quem você quiser" (2002). Logo ali, já trabalhava com Charlotte Rampling. Seu segundo sucesso veio ao lado de Emanuelle Béart, "Anjo da guerra" (2003), que lhe rendeu uma indicação a César de Revelação do Ano, conhecido como Oscar francês. Foi no ano seguinte que o rapaz conquistou o mesmo prêmio com "Eterno amor", com Audrey Tautou.
Não à toa, é considerado a maior promessa do cinema francês desde Gérard Depardieu e Jean Reno. Modesto e de uma beleza de deixar seus conterrâneos para trás, ele prefere tomar tudo apenas como elogio.
- O importante é trabalhar como se ainda fosse um principiante - explica o ator, já alvo de fofocas da imprensa francesa.
Uma delas é chamar de garoto muito tímido. Jornais disseram que ele não foi à Riviera Francesa lançar "Anjo da guerra", no Festival de Cannes, por não gostar de multidões. Mentira. Outros disseram que sua aversão a flashes o levou a desmaiar. Bobagem.
- Tem uma história de que eu desmaiei em Cannes. Era minha 1ª vez lá. Estava muito cansado, não tinha comido, tinha visto um filme. Ainda na sala de projeção, tive um pequeno desmaio - explica ele, mostrando realmente não ser nada tímido ao arriscar algumas palavras em português aprendidas durante suas férias nas praias de Itacaré, sul da Bahia.
Gaspard Ulliel também é familiarizado com o cinema brasileiro. Conhece "Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, e "Central do Brasil", de Walter Salles. A própósito, o ator participa de filmete dirigido por Gus van Sant que faz parte do longa-metragem "Paris, je t'aime", com diretores de vários países, incluindo Salles.
Se "Hannibal - A origem do mal" vai alavancar sua carreira em Hollywood ainda é cedo para dizer. Seu próximo projeto é uma produção francesa baseada no romance "Un barrage contre le Pacifique", de Marguerite Duras. E Gaspard tem pé no chão e nenhuma pressa.
- Não é porque fiz um grande filme em Hollywood que vou trabalhar lá. As coisas não são tão fáceis como parecem.
Curiosidade para os fãs ou futuros fãs de Gaspard. A charmosa covinha na bochecha esquerda do ator não é obra da natureza. É uma cicatriz decorrente do ataque de um dobberman quando tinha 6 anos. Ele se diverte quando a repórter pergunta se a marca ajuda ou atrapalha.
- Sou muito agradecido ao cachorro. Todos os diretores adoram essa cicatriz.
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