Naura Schneider vive mulher agredida pelo marido em “Vidas Partidas”| Foto: Divulgação/

Em 1983, uma mulher de 38 anos ficou paraplégica em Fortaleza (CE) após ter sido baleada pelo marido enquanto dormia. Seu nome era Maria da Penha Maia Fernandes. Ela mesma, a pessoa que, 23 anos depois do episódio, deu nome à lei que tornou crime a agressão física e psicológica contra mulheres. Sua história também é inspirou o filme “Vidas Partidas”, que estreia nos cinemas nesta quinta (4) abordando o problema crônico da violência doméstica.

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O lançamento do filme, dirigido por Marcos Schechtman, coincide com os dez anos de vigência da Lei Maria da Penha, que serão completados no próximo domingo (7). Produzida e protagonizada pela atriz Naura Schneider, a produção tem paralelos com a história real, mas as referências são mais amplas. “A história da Maria da Penha não contempla os vários relatos que ouvi, alguns até mais fortes, que serviram de base para o filme”, conta Naura em entrevista à Gazeta do Povo.

Naura interpreta Graça, uma cientista que de início aparenta ter um casamento feliz com Raul (Domingos Montagner). O marido, que se mostra romântico e um dedicado pai de família, aos poucos vai revelando um lado violento e controlador. A descoberta de um filho fora do casamento e crises de ciúme cada vez mais fortes vão tornando a relação do casal cada vez mais conturbada.

Documentário

A violência doméstica foi tema do documentário “Silêncio das Inocentes”, dirigido pela atriz em 2013, no qual conta a história da criação da Lei Maria da Penha e apresenta depoimentos de mulheres vítimas de agressões. “Foram quase três anos de pesquisa, que serviram não apenas para embasar o roteiro, mas também como um laboratório”, afirma Naura, que desde o início tinha a intenção de interpretar a protagonista.

Segundo dados do Mapa da Violência 2015, o Brasil é o quinto país mais violento do mundo para as mulheres. Entre 2003 e 2013, uma média de 11 mulheres foram assassinadas por dia no país. “Esse é um problema que existe há muito tempo, mas que agora tem ganhado uma visibilidade maior. Pelo cinema de ficção, pela arte, fica mais fácil levar essa temática que é delicada ao grande público”, avalia Naura.

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Nas últimas semanas a atriz participou de exibições do filme e debates sobre o assunto. Ela conta que, em todos os eventos, notou uma sensibilização por parte do público. “Vejo algumas mulheres chorando, outras vêm conversar comigo. Isso mostra o quanto essa situação mexe com elas e que, de alguma maneira, podemos ajudar a transformá-las”.