“Qualquer semelhança com fatos ou pessoas vivas ou mortas não é casual, é intencional”. É com essa mensagem direta, carregada de uma ironia cruel, que começa “Z”, a obra-prima do cineasta grego Costa-Gavras que os curitibanos terão a oportunidade de assistir esta semana na tela grande. O filme de 1969 é uma das produções que abrem nesta terça-feira (14) a Semana da França, mostra de cinema promovida pela Fundação Cultural de Curitiba para lembrar os 226 anos da Revolução Francesa.
Programação
Confira os outros cinco filmes que serão exibidos na Semana da França; as sessões são sempre às 19 horas
Leia a matéria completaUm dos expoentes do cinema com viés político, Costa-Gavras foi à França para rodar “Z”, inspirado no golpe militar que derrubou o governo grego em 1967, instalando uma rígida ditadura no país. Daí a advertência inicial, visto que o filme se passa em um país não identificado e usa nomes diferentes. Porém, a associação com o assassinato do deputado Grigoris Lambrakis, que deflagrou a ação dos militares em 1963, era inevitável.
Se toda a trama e a conotação política da época poderiam resultar em um filme datado, isso cai por terra quando se começa a assistir a “Z”. Em um ambiente tenso, um deputado liberal vivido por Yves Montand comanda uma reunião política e morre atropelado após seu pronunciamento. A investigação da polícia conclui que o episódio não passou de um acidente, mas um juiz (Jean-Louis Trintignant), auxiliado por um repórter fotográfico (Jacques Perrin), descobre que a morte foi resultado de uma trama de membros do governo.
Serviço
Dia 14 (terça-feira), 19 horas - Cine Guarani (Av. República Argentina, 3430 - Portão)
Dia 17 (sexta-feira), 19 horas - Cinemateca (R. Presidente Carlos Cavalcanti, 1174 - São Francisco)
Entrada franca
Primeiramente, “Z” é um thriller arrebatador. Usando de uma linguagem semidocumental, com câmera na mão, Costa-Gavras consegue envolver o espectador na trama de forma vertiginosa, só elevando os níveis de tensão a cada desdobramento. E, mais do que isso, o cineasta conseguiu consolidar uma obra que em pleno século 21 se mantém atual, independente de ideologias ou regimes políticos.
Com sua trama macabra, “Z” vai crescendo até o final, impactante como poucos. Um desfecho que pode ser visto como ironia ou desesperança, mas que certamente ficará reverberando na cabeça por um bom tempo.
Assista ao trailer:
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