No último sábado, a cantora Júlia Alves Graciano teria feito cem anos. Muito mais famosa pelo nome artístico de Nhá Gabriela, dona Júlia foi a maior estrela do showbiz paranaense. A dupla com o marido Salvador Graciano (o Nhô Belarmino) teve dimensão nacional e foi, em minha opinião, o auge da nossa música no século passado.
Há alguns dias, eu e o colega Rafael Rodrigues Costa fizemos uma pequena enquete com pessoas ligadas à cena musical da cidade sobre os melhores discos que já foram produzidos aqui. As Mocinhas da Cidade (1959) encabeçou minha lista, seguidos de quatro bons discos de rock da minha adolescência.
Tivesse feito a lista hoje, depois de baixar e ouvir o Batuk Freak, teria incluído a Karol Conka. Ainda não na cabeça.
Mas vejo luz de estrela do século 21 na rapper do Alto Boqueirão. Dia destes, conheci uns piás bons de rap freestyle lá da área dela. Pude ver que ela os representa. "Ela é bonita e manda bem", disse um dos meninos.
Ainda as lendas urbanas
Para minha alegria, deu o que falar a coluna da semana passada, quando lembramos o tempo em que os gigantes andavam por aqui.
Restou, contudo, uma imprecisão histórica no relato da tumultuada passagem de Nick Cave por Curitiba. Vamos corrigir em tempo, com o auxílio da memória impoluta dos guitarristas Rafael Martins e Cassiano Fagundes, do Cacique Revenge.
Quem descolou um Ligeirinho Interbairros II para que o Nick, os caras da banda alemã Die Haut, além do Cassiano e do músico Marco "Foguinho" Steffens pudessem atravessar a cidade foi a nossa prefeitura municipal (quem mais?) na época, sob o comando de Rafael Greca.
Alguém vislumbrou que era uma boa maneira de divulgar o recém-criado busão direto: "pegue o ligeirinho e chegue rapidinho", dizia a propaganda oficial.
Aliás, essa história dava uma ótimo curta com o Jota Eme no papel do Cave que, ao final, dão um passeio que teria definido a cidade como "a central brasileira dos maricas".
Nesta base, durante toda a semana testemunhas enviaram vários relatos de outros grandes momentos que não podem ficar no esquecimento.
O Flávio Jacobsen jura ter testemunhado uma canja do Motörhead no antigo Lets Dance, defronte ao Passeio Público, após um show com Iron Maiden e outros no Couto Pereira.
Teria rolado ainda uma session do guitar hero Ritchie Blackmore e seu Rainbow em uma quarta-feira chuvosa no antigo Lancelot, que ficava ao lado do Saci, no Largo da Ordem.
Fecharam o bar, deram canja com os modestos amplificadores Meteoro da banda que tocava cover às quartas, tocaram com membros da banda alguns temas do Deep Purple, pagaram toda a bebida dos 50 gatos pingados presentes, que ainda tiveram a sorte de ter seus nomes na lista do show no Aeroanta no dia seguinte.
Também me garantiram que o "príncipe do mal" Alice Cooper foi flagrado comprando roupas íntimas em uma popular loja de departamentos em um dos nossos milhares de shoppings e por aí vai...
Na semana que vem, a coluna volta às mãos do titular Luiz Cláudio Oliveira. Muito obrigado a todos.