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Capa do novo CDs do grupo vocal Brasileirão, que acaba de ser lançado | Divulgação
Capa do novo CDs do grupo vocal Brasileirão, que acaba de ser lançado| Foto: Divulgação

Quando um disco começa com a música "Vento Bravo" (Edu lobo e Paulo César Pinheiro), é preciso escutar com atenção. O primeiro disco-solo do vocal Brasileirão, do Conservatório de MPB, da Fundação Cultural de Curitiba, começa bem já pela escolha do repertório e continua bom nos arranjos e interpretações dos 12 cantores do grupo. "Invisível Cordão" foi lançado neste ano sem muito alarde, sem muitos shows, como quase sempre acontece com as coisas da Fundação Cultural de Curitiba, que não são poucas. Ao todo, 14 músicas, todas composições de Edu Lobo e/ou Chico Buarque de Hollanda.

O Brasileirão surgiu com o Conservatório de MPB de Curitiba, assim como o Brasileirinho, a versão juvenil do vocal. São 14 anos de estrada, no início sob a batuta do saudoso maestro Marcos Leitte, depois com Reginaldo Nascimento e, desde 2006, quem assumiu a direção foi Vicente Ribeiro. Até então, o que se tinha de registro sonoro eram participações em trabalhos alheios, alguns trabalhos individuais de gente que passou pelo vocal e um CD dividido meio a meio com o Brasileirinho. Estava mais do que na hora de um lançamento próprio.

Com raras exceções, eu gosto de cantores e cantoras, mas não gosto muito de corais e afins. Este disco, que eu comecei a ouvir com a desconfiança deste meu preconceito, revelou-se uma gloriosa exceção. Como disse, começar com "Vento Bravo", não é para qualquer um, e o desfile de belas composições segue com"Biscate" (Chico), "O Circo Místico" (Edu e Chico), "Memórias de Marta Saré" (Edu e Gianfrancesco Guarnieri), "Lero-Lero" (Edu e Cacaso – esta encantou o meu filho de 8 anos que curtiu a imagem do "tico-tico de rapina/ ninguém leva o meu fubá"), "Abandono" (Edu e Chico), "A Bela e a Fera" (Edu e Chico), "Choro Bandido" (Edu e Chico), "Brejo da Cruz" (Chico), "Pelas Tabelas" (Chico), "Beatriz" (Chico), "Todo o Sentimento" (Cristovão Bastos e Chico), "Rei Morto, Rei Posto" (Edu e Joyce) e "Ode aos Ratos" (Edu e Chico).

Se as composições são um ganho, um auxílio para qualquer disco, também podem se tornar um estorvo, pois facilmente podem ser comparadas a outras interpretações mais antigas, alguma seminais na música brasileira. O Brasileirão enfrentou com coragem o desafio e tornou-se intérprete original, acima de comparações. Um dos achados foi saber aproveitar as características de cada cantor e dar a cada um deles a oportunidade de solo a cada canção. Deve ter dado um grande trabalho de arranjo brilhantemente superado pela dupla Vicente Ribeiro e Reginaldo Nascimento.

É mais um disco imperdível para entrar na lista dos melhores do ano.

A viola erudita de Gulin

Agora vou falar de um disco que ainda não conheci fisicamente, mas escutei algumas versões no MySpace. É "Orvalho", do violeiro paranaense Rogério Gulin. Pela amostra, é coisa fina, sensível e de uma técnica impecável. O disco foi gravado com o grupo Terra Sonora, do qual Gulin faz parte e que pesquisa sons globais, da chamada música étnica. Mas o disco de Gulin é mais Brasil, mais mato. De formação vinda do vilão erudito, adotou a viola caipira como principal instrumento. O CD, que será lançado oficialmente neste mês (leia a programação de shows no serviço abaixo), foi feito graças a um prêmio que o músico ganhou do Projeto Pixinguinha no ano passado. Foi um prêmio de produção, dado pela Funarte.

Viola caipira com som de erudita, de música antiga, da raiz dos tempos, como o som da viola está na raiz do Brasil. Uma mistura instigante, que ao mesmo tempo preserva e inova. Por enquanto escutei apenas algumas coisas no MySpace, no endereço do Terra Sonora (http://www.myspace.com/terrasonora), que não tem um som muito legal, mas, mesmo assim, já deu para sentir que o trabalho é de primeira grandeza. Segue o roteiro dos shows de lançamento, que abrangerão as cidades da Lapa, Curitiba e Ponta Grossa.

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Serviço

Theatro São João – Lapa. Dia 13 de junho, às 21 horas. Ingresso: 1 kg de alimento não-perecível

Teatro Paiol Curitiba (Lgo. Guido Viaro, s/nº): Dia 16, 17 e 18 junho, às 21 horas. Ingresso: 1 kg de alimento não perecível

Cine Teatro Ópera – Ponta Grossa. Dia 19 de junho, às 20h30. Entrada franca.

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