A atriz Scarlett Johansson está nos cinemas com Os Vingadores 2: A Era de Ultron, no papel de Viúva Negra, e deu o seu recado: está pronta para um filme solo com sua personagem. Eu também quero um filme da Viúva Negra. E , aposto, muitas mulheres e homens querem vê-la como protagonista, a exemplo do que acontece com o Homem de Ferro do Robert Downey Jr. e com o Capitão América de Chris Evans.
A probabilidade que a Marvel enxergue o potencial solo da personagem, entretanto, é mínimo: o grupo anunciou que, dentro do seu calendário oficial de projetos, não há, até 2019, nenhuma ideia desse tipo. Pior: repare nos produtos de merchandising do último filme. Nas camisetas e mochila estão todos os super-heróis homens, grandes e coloridos – a heroína ficou de fora. E por quê?
Muitos fãs e internautas estão fazendo essa pergunta nas redes sociais. O ator Mark Ruffalo, que contracena com Scarlett em grande parte das cenas dos Vingadores, até pediu via Twitter que a Marvel faça produtos da personagem para sua filha, sobrinha e quem mais quiser.
A falta de planos para um longa-metragem da Viúva também vem rendendo: no último sábado (2), a própria atriz estrelou um trailer falso exibido no programa Saturday Night Live: nas cenas, a Viúva Negra consegue estágio em uma revista de moda (uma paródia de O Diabo Veste Prada) e se apaixona por Ultron. A história é recheada de clichês, e, no fim, o trailer falso ironiza: “uma produção da Marvel – nós conhecemos as garotas”.
A falta de interesse da Marvel, além do fato de Scarlett não estar nos produtos, joga para fora da tela uma realidade que permeia a indústria de cinema, e que reflete o cotidiano geral de todas nós, mulheres: ainda somos menos valorizadas que os homens. Duvida?
Só para ficar no exemplo das atrizes de Hollywood que, em tese, têm uma posição privilegiada: além de ganharem menos (uma diferença que chega a US$ 40 milhões), o protagonismo delas é mínimo nos filmes.
Um estudo divulgado na revista Variety,no ano passado, mostra que somente 12% dos grandes sucessos do cinema em 2014 tiveram como protagonista uma atriz. As mulheres, ao contrário dos homens, também costumam aparecer mais em seu papel familiar nas telas (mãe, esposa), do que com sua profissão.
Não bastasse a falta de valorização, as atrizes ainda precisam encarar maratonas de entrevistas cujas perguntas, geralmente, não se centram em sua personagem. A Cosmopolitan deixou claro o quão incômodas e desnecessárias são essas questões quando “inverteu” os papéis em uma entrevista com Ruffalo e Scarlett no mês passado. Na coletiva, o ator precisou responder coisas como “o que vai usar na estreia essa noite”, ou “como foi a pressão para fazer dieta”, que o deixaram visivelmente desconcertado.
A atriz (já chegaram ao cúmulo de questionar se ela usa calcinha por baixo do macacão preto de sua personagem), ao contrário, pode falar livremente sobre o papel, e só sobre ele.
Espero que o barulho em torno do que aconteceu com a personagem de Scarlett cresça. Que aprendamos com a Cosmopolitan e que possamos, em breve, assistir a um filme da Viúva Negra.
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