Há um subgênero do terror no cinema e na televisão que poderia ser chamado de horror imobiliário. As tramas, quase invariavelmente, envolvem uma família que, por algum motivo, muda de cidade e compra ou aluga uma casa misteriosa, onde mais tarde descobrem, da pior maneira possível, terem ocorrido crimes macabros, episódios paranomais, possessões demoníacas e outros acontecimentos insólitos que insistem em se repetir. Essa é a premissa básica de American Horror Story, nova série da dupla Ryan Murphy e Brad Falchuk (de Glee), há cerca de um mês em cartaz no canal pago Fox.
Dylan McDermott (do seriado O Desafio) é Ben Harmon, um psiquiatra de Boston que se muda para Los Angeles com a mulher, Vivien (Connie Britton, de Friday Night Lights) e sua filha Violet (Taissa Farmiga, irmã mais nova da atriz Vera Farmiga). Tiveram bons motivos para tentar iniciar uma nova vida do outro lado do país: Vivien sofreu um aborto e Ben teve um caso extraconjugal com uma de suas alunas.
Na Califórnia, embora enfrentem dificuldades financeiras, Ben e Vivien conseguem fazer um bom negócio ao comprar, por um preço bem mais baixo do que o de mercado, uma bela casa numa abastada zona residencial. Desconhecem, no entanto, que ao longo das décadas o imóvel foi palco de sucessivas tragédias, a começar pelo estranho caso de um médico que praticava, nos anos 20, experimentos à la Dr. Frankenstein, além de abortos ilegais, e teria assassinado a própria mulher.
Tão logo os Harmon se instalam, acontecimentos muito estranhos começam a ocorrer. A começar pelas constantes visitas da sinistra Constance (a sempre ótima Jessica Lange), uma ex-aspirante a estrela de cinema, amargurada com a chegada da velhice, que vive na casa ao lado em companhia da filha, portadora de Síndrome de Down.
Há um vínculo entre Constance e o novo lar dos Harmon, mas nada fica muito claro nos primeiros episódios. Assim como não é explicada ainda a estranha relação entre Ben e a criada Moira. Embora todos a vejam na pele de Frances Conroy (a mãe de Six Feet Under), uma mulher de meia-idade, ele a vê encarnada pela voluptuosa e jovem atriz Alex Breckenridge, sempre a provocá-lo, na tentativa de seduzi-lo. Isso sem falar da bizarra figura com roupa sadomasoquista de couro preto que engravida Vivien logo no piloto da série.
Misturando terror e erotismo, ingredientes que fizeram o sucesso de True Blood, American Horror Story tem potencial para se tornar cult, mas ainda não está claro se terá fôlego para se sustentar apenas nas convenções do horror imobiliário. Talvez tenha de mudar de endereço para ter vida longa.
Serviço
Os episódios inéditos de American Horror Story vão ar às terças-feiras, às 23 horas, no canal pago Fox.
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