Série
Touch
Canal Fox, segundas-feiras às 21 horas com reprise às quintas-feiras, às 19 horas, e domingo, às 13 horas e às 23h30.
Para muitos inclusive para mim Kiefer Sutherland será sempre o Jack Bauer, o superagente de 24 Horas que teve, em oito dias, mais ação do que o maior aventureiro que já existiu sobre a superfície terrestre enfrentou durante sua vida inteira. Não é, portanto, muito difícil encontrar traços do célebre super-herói moderno em Martin Bohm, protagonista da série Touch, em sua primeira temporada pelo canal pago Fox. Bohm é pai de Jake, um garoto de aproximadamente 10 anos, que não fala uma palavra e guarda características de autismo.
Após a morte de sua mulher no atentado às torres gêmeas de Nova York, em 2001, o protagonista sofre uma profunda crise que o faz deixar sua privilegiada posição num renomado jornal e passa a desempenhar uma série de subempregos, culminando em seu posto de transportador de bagagens no aeroporto da cidade, enquanto tenta estabelecer laços com seu filho, que parece alienado do mundo. Acontece do caso ser justamente o contrário: Jake Bohm é um gênio com números e enxerga a seu redor padrões que lhe permitem antecipar eventos e reconhecer vínculos entre várias pessoas de todo o mundo. Mesclando ciência e espiritualidade, a mensagem de Touch é clara: todos estão conectados, e o acaso não é mais do que nossa capacidade de entender o roteiro da humanidade.
Jake Bohm passa a identificar, então, alguns desvios no padrão do universo, para que sejam corrigidos a tempo. Cabe a seu pai identificar o problema e, como Jack Bauer, salvar o mundo dessa vez, de uma forma mais subjetiva e não óbvia. É, sobretudo, o sofrimento que Jake sente ao perceber a desordem, o motivo pelo qual Martin corre atrás de respostas para os números que seu filho insiste em lhe apontar. Para lhe ajudar estão sempre presentes a assistente social Clea Hopkins (Gugu Mbatha-Raw) disposta a se certificar da boa tutela sobre Jake e Arthur Teller (Danny Glover), fundador do Teller Institut, que reconhece o precioso dom do garoto.
Ao espectador, dois elementos principais prendem a atenção em Touch: o primeiro é a imprevisibilidade do enredo. Embora já se saiba amarrado, não é possível atinar como as histórias de um garoto indiano, de uma prostituta japonesa e de um homem de negócios da Grã-Bretanha acabam se encontrando e não raras vezes a surpresa é grande e emocionante. O segundo elemento é a continuidade dessas conexões: personagens do primeiro episódio continuam aparecendo, interagindo e interligando suas histórias a novos casos surgidos no programa. O celular perdido pelo já mencionado negociante inglês percorre o mundo e para nas mãos de diversas pessoas, que têm seus destinos alterados para o bem e para o mal. Com uma grande história composta de historietas de um episódio, fica a curiosidade para saber onde isso vai dar. Resta saber se os roteiristas de Touch conseguirão manter esse interesse ou cairão na armadilha da fórmula pronta.
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