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Hysteria parte de histórias de mulheres internadas | Divulgação
Hysteria parte de histórias de mulheres internadas| Foto: Divulgação

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Teatro sem Fronteiras

Canal Brasil. Segundas-feiras, às 21 horas.

Episódio de hoje: Hysteria.

É indiscutível que teatro se faz ao vivo, mas também não há como negar que o registro em vídeo de peças seja uma forma de conhecer trabalhos cênicos que, por algum motivo, não se pôde ver.

O Canal Brasil partiu dessa premissa para lançar um horário dedicado ao teatro experimental, na série Teatro sem Fronteiras, que agora é reapresentada às 21 horas das segundas-feiras.

São documentários que, além de apresentar peças com imagens captadas em exibições ao público, trazem depoimentos de pessoas envolvidas com a montagem. Graças ao uso de imagens artísticas, o resultado é uma imersão sensorial na obra em questão.

Pelas escolhas da produção e edição, é possível dizer que os 25 minutos de programa não fazem uma expiação didática, ou seja, não torna uma experiência presencial futura com o espetáculo "sem graça".

No episódio de hoje, que apresenta o primeiro trabalho do paulistano Grupo XIX de Teatro, Hysteria, ouve-se apenas o áudio dos entrevistados, que se misturam à captação dos sons emitidos pelos atores.

A obra, estreada em 2001, aborda o universo da reclusão feminina na segunda metade do século 19 – tanto aquela familiar, do recato do lar, quanto no envio a manicômios, frequentemente por "desvios de comportamento".

Essa realidade levou à ambientação da peça em casas com salas amplas e muitas janelas, simulando um hospício da época.

Ao longo do espetáculo, quatro atrizes apresentam histórias reais pesquisadas em documentos antigos, pelos quais se apreende que as perturbações das mulheres nem sempre tinham origem numa doença da mente. Classificada pelo grego Hipócrates como uma perturbação no útero, causada por um movimento irregular de sangue deste órgão para o cérebro, a histeria podia ser o diagnóstico após uma fúria repentina ao se descobrir traí­­da ou por desejos se­xuais indevidos.

A menção aos hormônios, ao ciclo menstrual e às variações de humor imperam no espetáculo. Em uma das sonoras, descobrimos que a descrição do feminino na época se dava no contexto médico, sempre por autoria de homens, que sequer questionavam mulheres sobre suas percepções.

Experiências

A escolha de peças para o Teatro sem Fronteiras valoriza os experimentos paulistanos, com frequência representados em locais alternativos. As próximas peças retratadas pelo programa serão: Assombrações do Recife Velho, que se passa em um sítio ou chácara, onde o espectador acompanha os pavores dos personagens; Kastelo, montagem do Teatro da Vertigem inspirada em Kafka, em que os atores atuam sobre andaimes; Vila Verde, peça dos Satyros nascida de uma intervenção urbana no bairro curitibano de mesmo nome; Memória da Cana, de Os Fofos Encenam, que transpõe Álbum de Família, de Nelson Rodrigues, para uma fazenda nordestina; A Última Palavra É a Penúltima, também do Vertigem, passada no subterrâneo de um metrô; Hygiene, do XIX, que acontece num antigo bairro operário; e Festa de Separação, que debate as relações amorosas no século 21.

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