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 | Ilustração: Felipe Lima
| Foto: Ilustração: Felipe Lima

– E aí cara, e se eu contar que ele morre no final?

– Ã?

– Brincadeira. Augusto, prazer. Comprei no aeroporto, ainda não li.

– É...comecei agora... o primeiro é melhor que o filme.

– Dan Brown é ótimo. Agora escuta, tá indo pra onde? Porque Paris eu aviso, é uma vez só. Uma lama danada naquela Champs-Elysées. Na porta da Louis Vuitton, um bando de mendigos. A gente fica constrangido.

Na Feirinha do Largo da Ordem:

– O quê? O pano de prato que era 4 por R$ 10 agora tá 3 por R$ 12! A inflação voltou mesmo.

Para a baiana do acarajé: "Põe bem pouquinha pimenta, em?"

No Jardim Botânico:

– Se é tudo de vidro, como é que chove dentro?

E um turista filmando seu curta-metragem no parque: "Estamos aqui...no Passeio Público de Curitiba..."

– Quem faz os vídeos Como Se Fala em Curitiba deveria rever a pontuação. Na verdade, a frase é: "Como?? Se fala em Curitiba?"

Falando sério, ninguém aguenta mais essa alusão à suposta quietude curitibana. Passa aqui na redação pra ver o silêncio que é.

Para completar essa crônica de post-its, verdadeira mixagem de coisinhas à toa, seguem dois princípios que não sei como continuar:

Triste sina essa de querer agradar. Lembro da expressão da Ticiana quando entreguei o presente de amigo secreto. Era 1990 ou 1991 e ela tinha pedido o CD (ou seria fita cassete?) do Technotronic. Dei uma presilha da qual saltavam dezenas de cadarços fosforescentes.

A lembrança constrange, nesse complexo de bom aluno/bom colega que cobra sua dívida anos mais tarde. Uma ideia seria comprar um daqueles jarros gregos enormes e deixar ao lado da porta. Eventualmente, será usado como porta-guarda-chuvas pelas visitas. Mas, nos dias de semana, pode servir de depósito da culpa: chega em casa do trabalho, joga tudo ali.

O medo paralisa, que o digam nós repórteres depois de uma patada de um astro intimidador. Acontece nas melhores famílias, como a de Sarah Palin, candidata a vice-presidente na chapa de John McCain nas eleições americanas de 2008. Instruída às pressas sobre como se portar, o que dizer e o que calar diante das câmeras, ela acabou sem palavras quando uma entrevistadora tascou uma questão singela: "Que jornais você lê?" Ninguém entendeu a evasiva quando Sarah se negou a citar um nome sequer. Muitos se perguntaram "Por que não disse qualquer um? Mesmo que não leia? USA Today, New York Times?" A questão é que a pergunta não estava no script ensaiado com os jornalistas da campanha – um nome errado, como a menção a um veículo de esquerda, poderia dar num escândalo. A emenda foi pior que o soneto e é citada como o começo do fim da tentativa republicana, que fracassou sob Barack Obama.

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