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Venho por meio desta crônica agradecer solenemente àqueles que postam nas variadas redes sociais frases engraçadinhas de seus filhos. É um meio de transporte incrível para o mundo deles, esses seres privilegiados pela ingenuidade e donos de um pensamento pré-lógico delicioso. Por que temos que crescer?

Enfim, todo mundo já leu essas tiradas, como a da garotinha de 4 anos que presenciou uma briga entre animais na escola e deu o alerta: "Pessoal, fecha o portão que depois eles vão querer sair para brincar e não pode". Ou a coleguinha que derrubou o suco no chão, foi alertada para tomar cuidado e respondeu: "Depois eu tomo. Agora quero outro suco".

Os alunos da mesma instituição saíram para uma enquete no bairro (quem tem filho em escola criativa sabe como é) e as pérolas rolaram pela rua. Por exemplo, um garotinho se aproximou de um idoso e tascou: "Na sua época, você suava?".

Acho linda a presteza das crianças que simplesmente amam mais do que tudo na vida ajudar em casa. Pena que depois mudem tanto... mas enfim, lá estava a Letícia, sentadinha na escada, com sua carinha reflexiva, e ela explicou: "O papai eu não preciso ajudar. É só a mamãe que eu queria. Ajudar".

Para eles, o mundo é realmente um lugar tão simples quanto dormir e acordar no dia seguinte. O Dani era um. Ele sabia que a mãe era editora de notícias internacionais no jornal, e em plena Guerra do Iraque perguntou: "Mãe, por que você não liga para o Bush, e depois para o Saddam, e diz para os dois: quero ver fazerem as pazes a-go-ra".

Ou a Sarinha, que levou um beliscão por alguma malcriadagem e foi reclamar para a amiga. "Mas o que você fez?", questionou a outra. "Eu fiz... é... mãe, que foi que eu fiz mesmo?"

Só não sei como as pessoas fazem para extrair tamanhos tesouros de seus rebentos. Minha interação com crianças rende diálogos no mínimo bizarros. Como no feriado nublado em que, para sobreviver ao plantão, precisei antes jogar umas bolas na cesta da quadra de basquete da praça perto de casa. Lá pela décima (algumas até que caíram dentro) chegaram dois garotos de bicicleta. A vizinhança, deserta. Sim, eles queriam jogar (um olhou para o outro em sinal de aprovação após meu convite). Não trocamos nomes, muito menos idades, e portanto tivemos uma meia hora do que imagino ser um legítimo encontro infantil na praça. Identidades preservadas. Quando saí com o carro eles ficaram abanando, talvez surpresos que uma criança pudesse dirigir.

E outra vez, ao ver uma menininha loira, de uns dois aninhos, estilo princesa da Disney, de vestidinho e, aparentemente, só calcinha por baixo, aprovei a maturidade: "Tão pequena e já tá sem fralda?!" Ao que ela me corrigiu, um tantinho indignada: "Tô DE fralda", com a devida ênfase na preposição. Ouvindo e aprendendo.

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