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A Culpa É das Estrelas é um romance para "jovens adultos" e ainda que se possa argumentar contra esse tipo de rótulo, tudo ali foi pensado pelo autor, John Green, para o público mais ou menos adolescente. Há romance, humor, videogame e Facebook.

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Por não se ocupar de fofocas, do mundinho escolar, de vampiros e lobisomens ou de qualquer outro tema fácil em livros juvenis, Green conquistou fama diferente.

Quem narra o livro é Hazel Grace, uma garota de 17 anos que sofre de câncer na tireoide com metástase nos pulmões. Ela foi diagnosticada aos 13 anos e só continua viva por causa de uma droga poderosa (e fictícia) chamada Falanxifor. A doença acabou com seu fôlego, mas não com seu senso de humor. "Não contei que o diagnóstico veio três meses depois da minha primeira menstruação", diz ela. "Tipo: Parabéns! Você já é uma mulher. Agora morra."

Porque os pulmões não funcionam de acordo, ela arrasta consigo um tanque de oxigênio o tempo todo. Como a adolescente que é, Hazel dá nome para objetos inanimados e chama o tanque de oxigênio de Felipe.

Com uma sentença de morte nas costas, seus pais a tiraram da escola. Ela vive em casa lendo e assistindo à série de tevê America's Next Top Model. É uma leitora contumaz e adora o livro Uma Aflição Imperial, escrito por um certo Peter Van Houten. Como ela, a personagem principal da história também sofre de câncer.

Depois de muita insistência, os pais de Hazel a convencem de frequentar um grupo de apoio para jovens com câncer. É nesse grupo, em que os integrantes contam seus diagnósticos e dividem os seus medos, que ela conhece Augustus Waters, um rapaz com osteossarcoma que teve de amputar uma perna para sobreviver.

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Ele é o que Hazel define como "cara gato".

A química entre os dois é instantânea e logo estão vendo filmes e jogando videogame juntos. Além de fazer um plano bastante ousado para alguém na situação deles: viajar para a Holanda e conhecer Van Houten, um norte-americano que trocou os Estados Unidos pela Europa. O desejo de Hazel é perguntar ao autor de Uma Aflição Imperial o que aconteceu com os personagens depois do fim do livro.

Enquanto se apoia no carisma dos dois personagens principais, A Culpa É das Estrelas cumpre bem a proposta de lidar com um tema difícil. Melhor até que o filme Inquietos (2011), de Gus Van Sant, cujo enredo é semelhante: garota com câncer e jovem obcecado por enterros se apaixonam um pelo outro.

Quando a saúde de um dos personagens se agrava, John Green cai em discursos longos em que insiste nas metáforas bélicas do câncer. Ele é uma "batalha", uma "guerra", uma "luta". A imagem e o discurso não têm nada a ver com a que ele criou para o casal de adolescentes. Os dois, aliás, viram os olhos quando são obrigados a lidar com discursos edificantes de pessoas que ficam sabendo de suas doenças.

O escritor John Green é também um videoblogger. No YouTube, ele divulga pequenos vídeos de si mesmo comentando temas importantes como o casamento gay ou lendo trechos de seus livros. Ele fala rápido e tenta ser engraçado na maior parte do tempo.

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Para ilustrar seus argumentos sobre a união de pessoas do mesmo sexo, ele usa bichos de pelúcia. É uma maneira esquisita de abordar um assunto sério. Parece que está falando para crianças. Sua abordagem do câncer na adolescência é melhor que isso, mas ainda resvala no senso comum.