Em seu primeiro livro de crônicas, Adriana Sydor, toda prosa parece investigar o mundo com os olhos de uma menina.
Mesmo ao falar de dores, perdas e outros golpes cegos da existência, o texto de Adriana faz com delicadeza de um olhar feminino que busca o novo como combustível do sentimento.
“Por mais que a gente viva e vá dobrando certas idades, as situações da vida sempre reservam algo inédito para nós. Vivo emoções repetidas como se por elas estivesse passando ela primeira vez e tento fazer com que isto apareça no texto”, reflete a autora.
As crônicas foram selecionadas do blog Mil Compassos – referência a letra do samba Para Ver As meninas de Paulinho da Viola - que a historiadora e ex-diretora da Radio Educativa cultiva há alguns anos.
Crônicas destemidas e confessionais, cheias de reflexão sentimental sobre as circunstâncias do cotidiana são o material do texto de Adriana.
Ela conta que fez o blog para exercitar a musculatura do texto, que estava sem tônus após ser deixada de lado em nome de obrigações profissionais burocráticas. “Fiz para mim e contei para algumas pessoas, só para ter a esperança de que alguém fosse ler”, conta.
“As pessoas foram falando umas às outras e a coisa foi crescendo de uma maneira que eu não esperava. Até que o (editor e jornalista) Fábio Campana começou a me convencer a publicar em livro”, disse.
Fã de Rubem Braga e Margherite Duras, Adriana desenvolveu uma escrita que cria intimidade com o leitor, puxa uma cadeira e o convida a se aproximar para falar de perto.
“Confesso que tenho uma necessidade de assuntos que eu preciso tratar e quando as pessoas reconhecem sentimentos, quando acontece esta pega de emoções, esta empatia, tudo parece fazer sentido”, disse.
Adriana Sydor, toda prosa
Travessa dos Editores, 239 pp. R$ 30. Crônicas.