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Diretor Park Chan-Wook (à esq.) ao lado de Ok-Vin Kim, do elenco do filme "Thirst", durante coletiva de imprensa no 62º Festival de Cannes | Reuters/Vincent Kessler
Diretor Park Chan-Wook (à esq.) ao lado de Ok-Vin Kim, do elenco do filme "Thirst", durante coletiva de imprensa no 62º Festival de Cannes| Foto: Reuters/Vincent Kessler
  • Cena do filme

Controvérsia não é problema na opinião do diretor sul-coreano Park Chan-wook, que veio ao 62º Festival de Cannes com Thirst, seu novo longa-metragem que, entre outras bizarrices, tem como protagonista um padre católico que se transforma em vampiro.

Em entrevista coletiva na manhã desta sexta-feira (15), Chan-wook comentou que ficaria lisonjeado se seu filme recebesse a mesma atenção que Anjos e Demônios, novo longa baseado em romance do autor de O Código Da Vinci, vem atraindo nas últimas semanas após sofrer críticas da Igreja Católica.

"Se o Vaticano tiver o mesmo interesse no meu filme que está tendo pelo do Tom Hanks, eu ficarei feliz", brincou.

Thirst, que em francês leva o subtítulo "Ceci est mon sang" (Este é o meu sangue) numa alusão às palavras de Jesus Cristo, traz cenas que podem arrepiar os cabelos dos cristãos mais fervorosos. Além da sede de sangue, o padre-vampiro interpretado pelo ator Song Kang-ho deixa o celibato de lado e pratica sexo com a mulher de um de seus amigos de infância, sem sequer tirar a batina.

Outra cena do filme, que mostra o padre chupando os dedos do pé de sua parceira enquanto fazem amor, tem também seu fundamento "bíblico", garante o diretor. "Ela tem os pés feridos, e o padre os beija como Cristo fez com os doentes", disse Chan-wook.

"Retrato da sociedade"

Ainda assim, o diretor descarta que seu filme seja uma mera provocação religiosa. "Tenho muito respeito pela profissão dos padres, ou não teria escolhido um como personagem. Ocorre que, para a história, eu queria alguém que tivesse uma vida de boas ações e de repente precisasse passar a beber sangue dos outros para sobreviver", justifica.

"Queria trazer esse lado mais humanista, psicológico, para as histórias de vampiro. O personagem é um padre que quer fazer o bem, mas é obrigado a fazer o mal. É um pecador, um retrato não muito distante do que é a nossa sociedade hoje."

Numa tentativa de evitar os clichês das velhas histórias de vampiros, Chan-wook tomou algumas liberdades com os seus no filme. Entre elas, sonegou aos sangue-sugas os tradicionais caninos afiados que estamos acostumados a ver. "Dez anos atrás, quando estava pensando na história desse filme, percebi que as histórias de vampiros antigas, tinham um lado mais romantizado. Eu queria algo mais realista, com uma abordagem científica contemporânea. Por isso abandonei os dentes pontudos, o alho e os castelos mal-assombrados", explica.

Por isso é que o vampiro de "Thirst" não dorme em um caixão, mas em um guarda-roupas de duas portas, colocado na posição horizontal em um modesto quarto de apartamento.

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