O acordo internacional firmado na sexta-feira a respeito da identificação de cargas de transgênicos exportadas e importadas foi considerado uma vitória pelo governo brasileiro, embora a proposta do país não tenha sido aceita. Já os ambientalistas ficaram decepcionados.

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Os países que participaram do 3.º Encontro das Partes do Protocolo de Cartagena de Biossegurança (MOP3), realizado no Expo Trade Pinhais, na Grande Curitiba, decidiram adiar para 2012 a decisão a respeito da adoção obrigatória, pelas nações exportadoras, de um modelo rígido de controle dos transgênicos. Esse sistema consistiria na segregação das cargas e identificação exata, através de análises laboratoriais, do tipo de transgênico a ser exportado. A documentação do exportador deveria explicitar que o carregamento "contém transgênico".

Até 2012, o que fica valendo são as normas aprovadas em 2004, na MOP1, que são menos rígidas. A identificação deve ser feita apenas por meio de declaração documental de que o carregamento "pode conter" determinado tipo de transgênico. Essa posição era defendida pelo agronegócio brasileiro, temeroso de que o modelo mais rígido elevasse os custos de exportação.

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O governo brasileiro defendia que a adoção do modelo mais rígido fosse obrigatória a partir de 2010. Mas teve que ceder para que houvesse um acordo entre os países. "Nos encontros da ONU, é preciso ter flexibilidade para se avançar", justificou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, Cláudio Langone.

Ele considera, porém, que em seis anos haverá mais comprovação científica dos riscos que os transgênicos representam. A sociedade civil em diversos países também vai pressionar. E, assim, seriam criadas condições para a adoção do modelo do "contém".

Entidades vinculadas ao agronegócio com transgênicos elogiaram o acordo. A secretária-executiva do Conselho de Informações sobre Biotecnologia, Alda Lerayer, destacou o fato de que agora há um prazo para que os países avaliem suas experiências com transgênicos para ver se é necessário adotar as normas mais rígidas.

No entanto, os ambientalistas ficaram decepcionados. O Greenpeace alerta que sem a identificação precisa e a segregação dos transgênicos não é possível proteger os países, sobretudo os mais pobres, contra os riscos de uma contaminação do meio ambiente com os organismos geneticamente modificados que venham a ser importados. Sem capacitação técnica, os governos desses países também não teriam como evitar que transgênicos não destinados à alimentação eventualmente viessem a entrar na cadeia alimentar da população.

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