Uma frase - comentário político feito no momento em que bombas eram despejadas sobre Bagdá em 2003 - mudou as carreiras e a base de fãs do trio texano Dixie Chicks, mas não seu espírito ou sua música.
- No passado, acho que pensávamos que tínhamos um objetivo: entreter (o público) - disse a vocalista do grupo, Natalie Maines, cujo comentário feito em 2003 criticando o presidente George W. Bush fez a banda virar pária no mundo da música country.
- Agora você sente que a platéia sente que tem um objetivo: apoiar a liberdade de expressão e a nós, então é fantástico. E é uma platéia nova, com certeza.
O trio de música country esteve em Toronto para acompanhar a estréia de "Dixie Chicks: Shut up and sing" ("Dixie Chicks: Calem a boca e cantem"), um documentário que analisa a reação dramática sofrida pelo grupo depois de Maines ter dito a uma platéia em Londres, em março de 2003, que a banda sentia vergonha de ser do mesmo Estado que Bush.
O mundo da música country, que impelira a banda à fama e elevara seus álbuns ao status de platina, a rejeitou. Estações de rádio pararam de tocar suas canções e destruíram seus discos publicamente.
Fãs e um cantor country famoso criticaram as integrantes da banda, e suas vendas caíram. Natalie Maines foi ameaçada de morte.
- Acho que é porque fazemos música country. Se fôssemos um homem na música country, teríamos sido vistos como rebeldes - disse Emily Robison, que, com sua irmã Martie Maguire, completa o trio.
- As pessoas não gostam de mulheres pondo a boca no trombone na música country.
Mas as produtoras do filme, Barbara Kopple e Cecilia Peck, se sentiram atraídas pela força das Dixie Chicks e acompanharam o trio até seu álbum mais recente, "Taking the long way", chegar às paradas e até o trio voltar a viajar em turnê, este ano.
- Nos anos 1960 houve um movimento cultural que aconteceu quando estávamos acabando de sair da repressão da década de 1950. Havia música contra a guerra. As pessoas realmente se sentiam parte de uma comunidade - comentou Kopple, que já recebeu dois Oscar pelo melhor documentário longa-metragem.
- Quando Natalie fez sua declaração, especialmente pelo fato de ser vinda do mundo country, não havia comunidade. Elas estavam ali sozinhas. Nossa esperança, com esse filme, é que as pessoas o vejam e que as Chicks deixem de estar sozinhas.
As Dixie Chicks continuam barradas do mundo da música country. Apesar de seu último álbum ter virado disco de platina, a Associação da Música Country não as indicou para prêmios. Muitas estações de rádio ainda boicotam sua música, e a banda foi obrigada a cancelar shows no sul e interior dos EUA.
- Basicamente, temos nos apresentado para metade do público que tínhamos na turnê anterior, mas é um público diferente e bom - disse Maguire.
Apesar disso, as integrantes da banda dizem que a experiência lhes possibilitou declarar o que acreditam e fortaleceu o vínculo entre elas.
- Nunca me pediram para me retratar. Isso nunca foi discutido - disse Maines, cujos sentimentos em relação a Bush não mudaram.
- O que eu disse pode ser visto como tolice ou qualquer coisa. Mas tudo o que aconteceu desde então é uma vergonha ainda maior. Basta olhar as imagens do furacão Katrina, é inacreditável.
Maines usou um palavrão também no documentário, descrevendo o presidente americano como "a dumb fuck" (algo como "um filho da p... imbecil").
- Neste ponto, acho que não estou mais irritando ninguém que já não estivesse furioso comigo - ela comentou em tom irônico.
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast