O Festival de Veneza seguia calmo até demais, e então chegaram dois "desordeiros" (no bom sentido) e puseram fogo no circo. Por coincidência (ou talvez não) ambos são norte-americanos: Michael Moore, que coloca em competição seu "Capitalism: A Love Story", e Oliver Stone, que apresenta fora de concurso "South of the Border". Ambos são filmes freneticamente políticos. Engajados. Detonam a política conservadora e intervencionista dos Estados Unidos e colocam-se claramente à esquerda. Ambos foram muito aplaudidos pelo público.

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Se em obras anteriores Moore se restringia a críticas pontuais como ao porte de armas ("Tiros em Columbine"), os efeitos da paranoia após os atentados terroristas ("Fahrenheit 11 de setembro"), a saúde privatizada ("Sicko"), agora vai ao próprio cerne do sistema capitalista. No filme, ataca dogmas como o direito ilimitado de propriedade, a livre concorrência e a autorregulação dos mercados. Põe em dúvida o fato de os EUA serem considerados a maior democracia do mundo - um clichê e, como tal vazio, segundo sua interpretação. "É difícil falar em democracia quando é a economia que manda na sociedade." E vai além: "Votar não basta. A democracia se deve praticar em todos os momentos e não apenas quando se comparece à urna.

Obama é o ponto de chegada de "South of the Border", incursão de Oliver Stone pelos países latino-americanos governados pela esquerda, em especial a Venezuela de Hugo Chávez. Mas Stone fala também com Cristina Kirchner (Argentina), Fernando Lugo (Paraguai), Rafael Correa (Equador), Raul Castro (Cuba) e, claro Lula no Brasil. Sua conclusão: algo se move no continente, e agora sob o olhar favorável de Obama. O filme foi longamente aplaudido e festejado.

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