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Na sua casa no Pilarzinho, um dia Leminski perguntou se eu conhecia a poesia de Helena Kolody. Não conhecia. Ele falou que era uma velhinha porreta, fazia até haicais.

Ele se foi, ela se foi, li Helena aqui e ali, mas agora me apaixonei graças à coletânea Infinita Sinfonia, editada pela Adélia Woellner, uma beleza de livro a confirmar que Helena foi não só a grande poeta paranaense, Helena é grande poeta e ponto.

Aí fiquei lembrando de outros escritores paranaenses que tive a graça de conhecer, e que também se foram. Acordei no meio da noite, acendi o abajurzinho da cabeceira, peguei caneta e papel no criado-mudo e, como o criado não falou nada contra, escrevi o poeminha que segue.

(Espero de Dalton a compreensão de que, se ele aí está, não é porque eu preveja seu passamento, mas pela certeza de que sua arte também não passará.)

A última poesia

de Helena Kolody:

viveu solteira

e de salário

de professora

mas nas fotografias

sempre sorri.

Paulo Leminski

depois de tudo

pediria contudo

um último drinque

dizendo ora

se já fui embora

quero a saideira

nos trinques

E a vida segue

embora sem

a cinza nem

a chama sutil

de Jamil Snege

Wilson se foi

Quem, o Martins

ou o Bueno?

Foram-se os dois

e eis que enfim

claramente wemos

e concordamos com

isto: um era bom

e o outro, por Cristo

era muy bueno

Mas o vampiro

Dalton Trevisan

segue escondido

atrás dos muros

a espreitar gemidos

da virgem manhã

Num sempre futuro

todos estarão

a fumar e a ler

beber e sorrir

a comer pinhões

a brincar de ser

tipos inesquecíveis

num indescritível

painel do Poty

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