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Cena do filme "Herbert de Perto" | Divulgação
Cena do filme "Herbert de Perto"| Foto: Divulgação

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Em depoimento que não foi utilizado no "V - O Vídeo", do final dos anos de 1980, o músico Herbert Vianna dizia que não se achava inteligente. Afirmava: "Minha virtude é a capacidade de trabalho." E ia mais além, ao especular que, se tivesse de recomeçar, iria "conseguir tudo de novo".

Quase duas décadas mais tarde, o mesmo Herbert assiste à fala daquele rapaz, na época uma estrela em ascensão no cenário do rock brasileiro, e não consegue esconder sua perplexidade: "O mané aí não sabe bem do que está falando."

Esse momento em Herbert de Perto (assista ao trailer e veja as fotos) define muito bem o documentário dirigido por Roberto Berliner ("A Pessoa é para o que Nasce" e também de "V - O Vídeo") e Pedro Bronz.

O filme faz diversos paralelos entre passado e presente, confrontando os sonhos da juventude do músico e seus amigos, em Brasília e no Rio, e atualmente, quando Herbert está numa cadeira de rodas, vítima de um acidente aéreo que também custou a vida de sua mulher, Lucy Needham Vianna.

Berliner conhece Herbert desde os primórdios dos Paralamas, quando o cineasta era videomaker e documentava as atividades do Circo Voador. São quase três décadas de parceria e amizade entre os dois - que também rendeu clipes importantes da banda, como "Alagados" e "A Novidade".

Para o bem ou para o mal, essa proximidade está impressa na tela. Bem à vontade, Herbert fala sem reservas de sua carreira, de sua família, do acidente, que aconteceu em fevereiro de 2001, e mostra seu acervo de guitarras e também seus filhos.

Apesar de toda a proximidade, a certa altura Berliner, que documenta os Paralamas desde os anos de 1980, chamou Pedro Bronz, renomado montador de filmes como "Sou Feia Mas Tô na Moda", que trouxe um olhar mais distanciado para o filme - combinando assim não apenas um tom de conversa entre amigos como uma certa objetividade, necessária para colher depoimentos de Herbert e outros entrevistados.

Na tela estão os outros dois membros dos Paralamas, Bi Ribeiro e João Barone.

Sem esquivar-se de momentos de maior emoção, "Herbert de Perto" recupera a memória do acidente e todo o tratamento a que o músico teve de submeter-se até poder voltar aos palcos, em 2002, no Canecão, no Rio de Janeiro. Todo esse esforço para a recuperação de Herbert garante alguns dos momentos mais comoventes do filme, quando ele enfrenta as dificuldades e se supera voltando a tocar.

Ganhador do prêmio de direção na categoria documentários no Festival de Paulínia 2009, "Herbert de Perto" faz parte da boa safra de documentários nacionais sobre músicos brasileiros, como "Simonal - Ninguém Sabe o Duro que Dei" e "Loki - Arnaldo Baptista".

Herbert Vianna ganha também um filme à altura de seu talento e importância para a música brasileira, um documentário emocionante e inteligente.

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