O popstar Prince foi encontrado morto nesta quinta-feira (21), em sua residência de Minneapolis, aos 57 anos. Segundo o site “TMZ”, primeiro a noticiar a morte, o corpo do cantor foi descoberto em seu complexo localizado em Paisley Park, Minnesota (EUA), nesta manhã.
“Com profunda tristeza confirmo que o lendário e icônico artista Prince Rogers Nelson faleceu em sua residência de Paisley Park (Minneapolis) esta manhã”, diz um comunicado assinado por Yvette Noel-Schure, assessora do cantor. Ela não revelou mais detalhes sobre a causa da morte, mas o cantor lutava há várias semanas contra uma forte gripe que o obrigou a cancelar várias apresentações.
No dia 15 de abril, o jato particular de Prince fez um pouso de emergência para que ele recebesse atendimento médico depois que uma gripe se agravou durante um voo de Atlanta para sua casa. O cantor foi internado em um hospital, mas recebeu alta depois de algumas horas e foi autorizada a seguir viagem.
Nascido em 7 de junho de 1958, em Minneapolis, Prince Rogers Nelson foi um dos principais nomes da música pop nos anos 1980. Cantor, compositor, arranjador e instrumentista, ele tinha influências de James Brown, Beatles e Jimi Hendrix. Little Red Corvette, Let’s Go Crazy e When Doves Cry são alguns de seus sucessos.
Ele começou a se destacar no final dos anos 1970, com o hit Wanna Be Your Lover. Na década seguinte, fez álbuns bem-sucedidos como Purple Rain (que virou filme) e 1999. A faixa-título deste último álbum tem um dos refrões mais populares da música: “Tonight i’m gonna party like it’s 1999’ (Esta noite vou me divertir como se fosse 1999, em tradução livre).
Na década de 1990, Prince mudou o seu nome artístico para um “símbolo de amor” impronunciável e escreveu a palavra “escravo” no rosto para protestar contra as condições de seu contrato com a gravadora Warner. Recentemente, ele demonstrou uma grande produtividade, com o lançamento de álbuns pela plataforma de streaming Tidal, além de programar shows no último minuto para evitar cambistas.
Prêmios e discografia
Prince elaborou umas melhores misturas musicais do mundo pop. Elementos de rock, funk, soul, hip hop e jazz, embalando letras de conteúdo sexual, foram transformados em 39 discos de estúdio que venderam mais de 100 milhões de discos pelo planeta.
Do início fulminante da carreira, como um multi-instrumentista recém-saído da adolescência que fazia um álbum incrível depois de outro, Prince se transformou num workaholic recluso, que produzia música compulsivamente no complexo de casa-estúdio-local de shows que mantinha próximo a Minneapolis, sua cidade natal.
Pelo caminho, ganhou sete prêmios Grammy, um Oscar e um Globo de Ouro, esses dois últimos por sua bem-sucedida aventura no cinema em 1984, quando estrelou “Purple Rain”, no papel de um ídolo de rock genial e egocêntrico envolvido com garotas estonteantes. Ou seja, Prince.
Para ter a dimensão da importância dele na música, vale lembrar que seus primeiros seis e impecáveis álbuns foram lançados entre 1978 e 1984. Nesse período, Michael Jackson gravou “Off the Wall” (1979) e “Thriller” (1982) e se transformou no maior ídolo pop da face da Terra. Prince, também negro e miúdo, surgia como um contraponto poderoso.
Não teria a mesma popularidade de Jackson (ninguém teria, claro), mas ofereceu uma versão mais safada, ladina e musicalmente mais rica do que o ídolo número um. Tocando todos os instrumentos e se autoproduzindo no estúdio, Prince se transformou em um artista que surpreendia seu público a cada disco. Era acompanhado por garotas bonitas no palco, promovendo meninas de talento com Wendy & Lisa e Shiela E, e fora dele -namorava modelos e presenteava cantoras com canções destinadas a hits, como fez com Sheena Easton, Sinead O’Connor e Suzanna Hoffs.
“Diamonds and Pearls” (1991), seu décimo terceiro álbum em 13 anos, pode ser considerado seu último disco “normal”. A partir daí, sua biografia começa a cruzar seus álbuns com esquisitices variadas. É possível afirmar que Prince passou os últimos 25 anos lutando bravamente para apagar toda a popularidade que conquistou nos anos 1980.
Afastamento
Produziu discos sem esquema algum de divulgação, alguns praticamente escondidos em lançamentos digitais, trocou o circuito milionário de shows por apresentações inesperadas em locais alternativos. Passava longos períodos sem se relacionar com a imprensa e chegou a abandonar o próprio nome.
Primeiro, adotou como assinatura uma mistura dos símbolos associados ao masculino e ao feminino, que chamou de “love symbol”. Depois, avisou que se tratava de um símbolo impronunciável, então pediu que passasse a ser chamado de “o artista que foi conhecido como Prince”.
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“Nós mudamos o mundo. Ele era um visionário, que perda. Estou devastada”, escreveu Madonna
Leia a matéria completaA sucessão de discos fracassados lançados nos anos seguintes criou a piada de que ele corria sério risco de se tornar apenas “o artista que foi conhecido”.
De seus últimos 20 álbuns, apenas dois fizeram algum barulho nas paradas: “Musicology” (2004) e “3121” (2006). Na verdade, Prince nem dava chance para as pessoas descobrirem se seus discos ainda eram bons, lançando seu trabalhos numa combinação de rapidez e desleixo.
O resultado de suas aparições ao vivo também se tornaram imprevisíveis. Com tanto material, poderia oferecer ao público uma noite inesquecível com os sucessos dos anos 1980 ou um inclassificável desfile de músicas obscuras e não tão boas.
Com sua morte, Prince deixa um legado que pode ser apreciado de duas formas. A primeira opção é uma verdadeira roleta russa, acessando em bancos digitais sua impressionante e exagerada produção mais recente. Há momentos de genialidade, mas perdidos em viagens de autoindulgência.
A segunda opção, sem dúvida mais segura: ir direto a álbuns clássicos como “Dirty Mind” (1980), “Controversy” (1981), “1999” (1982), “Purple Rain” (1984) ou “Sign O’ the Times” (1987), alguns dos melhores coquetéis musicais já produzidos.