Quatro CDs e um DVD trazem Jorge Ben Jor de volta ao mercado após quase três anos de ausência desde o lançamento de seu álbum "Reactivus amor est (Turba Philosophorum)" em 2004. Um dos lançamentos, "Recuerdos de Asunción 443", traz oito faixas inéditas de um total de dez, quase todas recuperadas nos arquivos da gravadora Som Livre. Daí o título do álbum, tradução para o espanhol do endereço da gravadora, em Botafogo, no Rio.

CARREGANDO :)

- Eram trabalhos que eu nem sabia que existiam, mas foram descobertos. Fiquei muito surpreso e agradecido. Consegui acabar o que estava faltando. Quis mesmo fazer tudo. É um trabalho que eu gostei tanto que resolvi acabar - conta Jorge, que levou cerca de dois meses para gravar o novo disco, depois de descobrir o acervo.

O compositor lembra que, entre as inéditas, havia músicas feitas a pedidos, mas que acabaram não sendo usadas.

Publicidade

- O produtor falava "tem uma novela tal, pediram música" e a gente fazia e elas não foram aceitas e acabaram ficando sem gravar como as músicas "O astro" e "Usted es mi marrón glasé". Eu achei música pela metade, demo, só com acompanhamento de pedal e guitarra e outras, com a letra inacabada, como "Duas mulheres". A letra de "Saint Leibowitz" estava faltando quase inteira, tinha só a introdução e uma primeira frase. Tive que recompor - conta.

No disco de inéditas, Jorge surpreende com a canção "Emo", a faixa bônus.

- É uma coisa maravilhosa, eu sempre gostei e só depois é que eu fui saber o que era emo. No meu tempo não tinha isso. Emo hoje tá na internet, falando com o amigo que mora nos Estados Unidos ou na Europa, se vestindo da maneira que ele gosta. Tem uma turma de emos no meu condomínio, que modéstia a parte, eles me adoram, me chamam para andar de skate, para jogar bola. Acho isso maravilhoso e eles têm essa coisa de amor, ódio, tudo no mesmo dia. Eu quis homenageá-los fazendo essa música. Tomara que eles gostem.

Junto com o disco de inéditas saídas do fundo do baú da Som Livre, serão relançados pela primeira vez em CD, remasterizados, três discos: "Dádiva" (1983), "Sonsual" (1984) e "Bem Brasil" (1986).

- Minha música é uma poesia urbana e suburbana. Histórias, fatos, ciência, sempre misturei na minha música. É o meu estilo, posso mudar alguma coisa, botar funk, fazer um samba swing ou até um reggae, mas esse é meu estilo de compor. Mas acho que aquele foi um bom momento para mim, tanto foi um bom momento que eu gostei muito de reconhecer essas músicas que estavam lá há mais de 20 anos.

Publicidade

Além dos quatro CDs, a Biscoito Fino, em parceria com a Globo Marcas, lança o DVD "Energia", com um especial gravado pela Rede Globo em 1982 no antigo Teatro Fênix em que Jorge recebe convidados como Baby do Brasil, na época Consuelo, cantando "Todo dia era dia de índio", Tim Maia, em "Lorraine" , Caetano Veloso, em "Ive Brussel" e Luis Wagner Guitarreiro.

- Ficou bonito. Boa época. Maravilhosa. Bom rever os amigos - disse Jorge, olhando as imagens de seu dueto com Caetano Veloso no telão.