Riad Sattou foi colaborador do “Charlie Hebdo”| Foto: Walter Craveiro/Divulgação

O cartunista francês Riad Sattouf foi colaborador por oito anos do semanário francês “Charlie Hebdo”. Escrevia uma tira de comportamento chamada de “A Vida Secreta dos Jovens” e não frequentava a redação da revista.

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Convidado da Festa Literária de Paraty (Flip), o desenhista de origem árabe viveu boa parte da infância e adolescência em ditaduras árabes – na Síria de Bashar al-Assad e na Líbia de Muamar Kadafi. Essas memórias são a matéria-prima da HQ “O Árabe do Futuro”, lançada no Brasil pela Intrínseca.

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Ainda que não escreva quadrinhos de conteúdo político, desde que os atentados mataram oito colegas em janeiro deste ano, Riad – assim como vários colegas cartunistas – se viu obrigado a carregar um fardo que considera pesado demais.

“A maior parte dos desenhistas da minha geração são jovens cheios de complexos, tímidos, sem vida sexual. Como não têm amigos nem garotas, ficam fazendo desenhos eróticos para se excitar”, disse. “Houve os assassinatos e todos passamos a ser especialistas em geopolítica e paladinos da liberdade de expressão. E isso é complicado, não consigo pensar em ninguém mais afastado desse tipo de ativismo que os desenhistas.”

Deixando claro que não fica à vontade para falar sobre o assunto, Riad diz apenas que “entende que algumas pessoas possam ter se ofendido”, mas nada justifica o que aconteceu.

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Bem humorado, o francês diz que a única vez em que ofendeu alguém com um desenho foi quando fez sua mãe com um nariz grande demais. “A partir daí, passei a desenhar as pessoas com uma cara bem diferente daquela que elas têm”.

Perguntado sobre o que pode acontecer no mundo envolvendo a questão árabe, Riad trouxe uma resposta pronta no bolso do paletó. “Conheci uma garota que disse ser ‘especialista em assuntos árabes do Ministério das Relações Exteriores francês’. Repassei essa pergunta à ela na esperança de que ela me desse uma resposta que pudesse usar. ‘Muitos anos de caos’, ela me disse. Então é isso. Pessoalmente eu acho que daqui a uns 300 anos a coisa pode mudar”, disse.