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Capa do fanzine Search & Destroy com o escritor William Burroughs. | Reprodução
Capa do fanzine Search & Destroy com o escritor William Burroughs.| Foto: Reprodução

Quinze pesos pesados do punk e da contracultura em entrevistas inéditas no Brasil e conduzidas por um mestre desta arte: o editor, escritor e fotógrafo norte-americano V. Vale.

Este é o material histórico reunido no livro “Alguém Come Centopeias Gigantes?”, lançado em agosto pela Edições Ideal, selo paulista especializado em livros sobre música.

No mundo da arte, se todo mundo gosta é terrível. No mundo do cinema, ninguém gosta dos meus filmes. Mas eles sempre vão ter que fingir que irão gostar.

John Waters, cineasta em entrevista a V. Vale

A seleção das entrevistas foi organizada pelo jornalista Fábio Massari e contém entrevistas publicadas originalmente no icônico fanzine Search & Destroy (1977-79), que cobriu o nascimento do punk rock, e na revista RE/Search, criada em 1980 para logo se tornar uma espécie de escritura sagrada da contracultura: essencial não apenas para os punks, mas também para artistas, músicos e agitadores culturais em geral.

Vai chegar o dia em que os bebês irão nascer e vão pingar gotas em seus olhos, dar um tapa na bunda e colocar um código de barras na nuca, para que eles possam ser vendido aos anunciantes.

Paul Krassner, jornalista e escritor.

No livro, é possível ler entrevistas com The Clash e Patti Smith feitas por Vale no auge do movimento punk. O casal Lux Interior e Poison Ivy (The Cramps) aparecem em uma longa conversa e revelam detalhes sobre a lendária coleção de discos da família. Outros nomes importantes do punk, como Jello Biafra, Henry Rollins e Lydia Lunch também trocam ideias com o editor.

Para além da música, no repertório de Vale há espaço para todos artistas rebeldes que peitavam o status quo e usavam as expressões pop para espalhar mensagens subversivas, como o cinema exótico de John Waters (diretor do clássico “Pink Flamingos”) e as experiências lisérgicas de Timothy Leary, o papa do LSD.

A literatura também é representada nas entrevistas com J.G. Ballard (e o poeta Lawrence Ferlinguetti que, aliás, patrocinou em sociedade com outro poeta beat, Allen Ginsberg, a edição n.º1 do fanzine: cem dólares de cada um).

Lançamento

“Alguém Come Centopeias Gigantes?”

V. Vale (organização de Fábio Massari). Edições Ideal. 303 pp. R$ 49. Música/entrevistas.

Insetos

Há ainda uma entrevista histórica com William S. Burroughs, uma das figuras centrais da geração beat. É para ele que Vale faz a pergunta que dá título ao livro durante uma conversa sobre drogas e alimentação natural. “Se há uma coisa que eu odeio nesse universo são as porras das centopeias. Mais do que qualquer outra coisa. Eu amo lagartos. Amo tartarugas. Amo cobras, mas meu limite são os insetos”, respondeu Burroughs. No texto de apresentação, Massari conta que, durante um bom tempo, achou que V. Vale não existia. “Desconfiava de algum expediente de criptografia anárquica envolvendo o nome”.

Para ele, a importância do editor foi em promover a “comunhão milagrosa” entre o punk e a contracultura com as “políticas do faça você mesmo gravadas na medula”. “Suas vinhetas de sabedoria são pura iluminação, parecem fazer do mundo um lugar melhor. Talvez por isso sejam absolutamente únicas”.

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