O escritor paulista Rodrigo de Oliveira teve um pesadelo depois de assistir ao filme “Madrugada dos Mortos” (2004), de Zack Snyder, o sujeito que depois faria “300” (2006).
“É impressionante como meus pesadelos são realistas e chocantes”, diz o autor, em entrevista por e-mail à Gazeta. Depois de sobreviver à noite mal dormida, ele acordou no mundo dos vivos com a ideia de escrever sobre os mortos. Assim surgiu a série de livros “Crônicas dos Mortos”.
O quinto volume da coleção, “A Ilha dos Mortos”, será lançado no mês de março pela Faro Editorial. O sexto e último, “A Era dos Mortos”, deve sair no ano que vem.
A saga se passa em cidades como Curitiba, São Paulo e Porto Alegre, e mostra como um grupo de pessoas tenta sobreviver ao apocalipse zumbi.
Na entrevista a seguir, o escritor explica por que decidiu escrever sobre zumbis e conta como é a parte da história que se passa em Curitiba (sem esquecer do bizarro ataque zumbi de Lula contra Dilma).
Você poderia falar um pouco sobre a parte das “Crônicas dos Mortos” que se passa em Curitiba?
Na história, o bairro do Pinheirinho, periferia de Curitiba, é o palco das ações. Escolhi o local por dois motivos estratégicos: sua proximidade com a Rodovia Régis Bittencourt e por abrigar a Quinta Companhia de Polícia do Exército. No meu livro, os batalhões militares e policiais acabam se tornando os focos de resistência, por haver armas e mais condições para os sobreviventes se defenderem. A Quinta Companhia participa efetivamente em meu terceiro livro, “A Senhora dos Mortos”. E nesta mesma obra os focos de resistência dos outros estados do Sul se unem para uma ação coordenada com a maior comunidade de sobreviventes de São Paulo. Mas é importante ressaltar que a história até aqui já passou pelo sul e sudeste, trouxe uma cena forte da tomada do centro do poder em Brasília, em que Lula ataca Dilma ferozmente, depois de ter se transformado em zumbi. E no quarto livro, uma parte da história se desenrola no Nordeste e outra, bem maior, no litoral norte de São Paulo. E, como é um fenômeno que ocorre em todo o mundo, no mesmo momento, no primeiro livro da saga mostro o que acontece em países como os Estados Unidos, China e França.
Você conhece as cidades que servem de ambiente para a história? Existe alguma delas que seja mais central para as “Crônicas”?
Conheço a maioria das cidades, mas ainda assim realizei muitas pesquisas para utilizá-las com o máximo de precisão, munindo-me de informações para construir a história e descrever algo realista. Como os personagens centrais da trama estão no estado de São Paulo, grande parte das cenas acontecem no estado, mas recorro a todas as outras no desenvolvimento da saga, pois o apocalipse zumbi que acontece nos livros é um evento de abrangência mundial, sem fronteiras.
Livros
Saga escrita por Rodrigo de Oliveira tem seis volumes e o quinto, “A Ilha dos Mortos”, será lançado em março.
Faro Editorial, 336 pp., R$ 34.
Qual foi o volume da saga mais difícil de realizar?
Sem dúvida, foi o quarto volume, “A Ilha dos Mortos”, que será lançado no mês que vem. Trata-se de um livro muito dramático, com apelo mais psicológico, e onde pude ter uma passagem de gerações para falar mais de morte de personagens centrais, traição, disputa por poder num outro nível, algo que não acontecia nos livros anteriores porque tudo o que os humanos precisavam era sobreviver. Há cenas fortes envolvendo alguns personagens centrais que eu não consegui me desligar por semanas, vivendo sentimentos como se fossem reais. O resultado para mim foi gratificante, mas esse foi o livro mais difícil.
Teve mais algum pesadelo depois que começou a escrever sobre mortos-vivos?
Igual àquele não, graças a Deus! Mas é impressionante como os meus pesadelos são realistas e chocantes. Minha esposa fica impressionada com os sonhos que eu relato para ela. Eu sinceramente às vezes penso que tem algo de muito errado comigo! Há quem diga que só uma mente doentia é capaz de criar tanta coisa assim.