A cantora americana Madonna partiu nesta sexta-feira do Malauí com uma permissão para adotar um menino de um ano, embora tenha tido que deixar o bebê no país devido a problemas administrativos. Vários grupos locais de defesa dos direitos humanos protestaram contra o rápido processo de adoção.
A rainha do pop deixou Lilongüe, capital administrativa do empobrecido país do sudeste da África, de madrugada, logo depois que um juiz lhe concedeu uma ordem de adoção provisória que autoriza a custódia do menino durante 18 meses e lhe permitirá levá-lo para fora do país.
No entanto, o menino, chamado David Banda, filho de um camponês analfabeto, deverá se reunir com a mãe adotiva, de 48 anos, assim que alguns problemas burocráticos forem resolvidos.
Madonna "deixou o Malauí sem David porque havia muito pouco tempo para resolver os assuntos de passaporte e visto", explicou o diretor de bem-estar infantil do Ministério de Gênero, Infância e Serviços Públicos, Penston Kilembe.
Kilembe disse ainda que Madonna deu endereços em Londres e Los Angeles, onde os funcionários do governo poderão acompanhar a evolução do menino durante os 18 meses de adoção, de acordo com as condições da permissão judicial.
A cantora, que mora em Londres e tem dois filhos biológicos, deverá voltar ao Malauí para uma temporada mais longa com a finalidade de obter a aprovação final para a adoção.
A ordem judicial permitirá ao governo daquele país concluir uma nova lei que facilite as adoções por estrangeiros, que deve superar o trâmite parlamentar no ano que vem, sem previsão de maiores dificuldades.
Segundo a legislação atual, um estrangeiro que quiser adotar uma criança malauiana deve viver 18 meses no país e a adoção deve ser supervisionada pelos trabalhadores sociais antes de conseguir todos os direitos como pai adotivo.
A rápida concessão da permissão temporária a Madonna irritou alguns grupos de defesa dos direitos humanos, que exigiram nesta sexta-feira ao governo do Malauí que suspenda a ordem no interesse do futuro do menino.
"Acreditamos que o processo rápido de adoção não será adequado para os interesses de David", dizia uma petição assinada por 13 grupos de direitos humanos.
O documento insta o governo a suspender ou atrasar a aplicação da ordem provisória concedida a Madonna e acrescenta que "não é como vender uma propriedade, se trata de salvaguardar o futuro de um ser humano que não pode, por sua idade, expressar sua opinião".
Tom Ligowe, funcionário da corte de Lilongüe que concedeu à cantora a ordem de adoção provisória, informou que o governo do Malauí vigiará o bem-estar do menino e que a ordem de adoção poderá ser revogada se ele não receber os cuidados adequados.
Mas a ativista Maxwell Matewere, porta-voz de um dos grupos signatários da petição ao governo, afirmou que os órfãos têm um "alto risco" de se distanciar de sua família biológica e sofrer maus-tratos por parte da adotiva.
O pai de David, Yohane Banda, de 32 anos, disse ao jornal britânico The Sun que se sente "muito feliz" de que uma celebridade adote seu filho, que terá agora uma vida melhor.
"Disseram-nos que David voltará regularmente para conhecer suas raízes", afirmou.
Madonna decidiu adotar David Banda em uma viagem ao Malauí para inspecionar um projeto de cinco milhões de dólares destinado a ajudar os órfãos da Aids.
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