A apresentação de Marlene Dietrich As Pernas do Século na segunda-feira (4), no Guairinha, em Curitiba, exigiu uma dedicação extraordinária do elenco comandado pelo diretor William Pereira. Ao toque da última campainha antes da apresentação, uma mulher sobe ao palco e diz: "boa noite, estamos com um problema no espetáculo de hoje. Um dos atores fraturou a perna. Entre cancelar a encenação e adaptá-la para as atuais condições, optamos pela segunda opção". O público, espantado, aplaudiu a consideração da produção e esperou.
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Logo na primeira cena, a atriz Marciah Luna Cabral entra carregando Silvio Ferrari em uma cadeira de rodas. Era possível sentir a solidariedade da plateia. O ator, que vive diferentes personagens na peça, havia quebrado o tornozelo no domingo (3), logo depois da estreia do espetáculo na Mostra Principal do Festival de Curitiba. Durante a noite de segunda-feira, no entanto, sua atuação parecia inabalável.
Como o restante do elenco, Ferrari canta e atua. Interpreta diretores, paixões e comentaristas da biografia da estrela alemã Marlene Dietrich, vivida pela magistral Sylvia Bandeira. Em cena, a dupla divide cenas intensas, onde trocam palavras de afeto e ódio. Seja na cadeira de rodas, ou em pé imóvel, o ator mostrou uma força impressionante, que rendeu vários minutos de aplausos do público ao fim do espetáculo.
A montagem não precisava superar percalços para agradar a plateia. "Marlene Dietrich As Pernas do Século" é um espetáculo biográfico exímio. E boa parte do triunfo da peça reside na atuação da protagonista. Sylvia canta em francês, alemão, inglês e em português. Sua personagem é muito bem construída. Marlene está velha, melancólica e saudosista, mas nunca perde o bom humor. Quando tem oportunidade de contar sobre si mesma a um jovem rapaz que não faz ideia de quem ela seja, a atriz/cantora aproveita para relembrar seus amores e dores ao longo de nove décadas.
A comoção do público com "Marlene Dietrich As Pernas do Século" emocionou o elenco. Na cadeira de rodas, Silvio Ferrari segurava o choro. Sylvia Bandeira agradeceu o carinho, comentando que era um privilégio receber tantos aplausos de uma plateia que é famosa por ser exigente. Se isso é verdade, não sei. O fato é que os curitibanos souberam reconhecer um bom espetáculo naquela noite.
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