Apesar do título, Me Salve, Musical! (confira o serviço completo), a montagem da Cia. Zeppelin renega o gênero teatral contido em seu título. Isso, o diretor Pedro Brício vai logo de cara avisando, para não criar falsas expectativas. A peça, que estreia hoje na Mostra Contemporânea do Festival de Curitiba, é, na verdade, uma crítica contundente à linguagem desse estilo de espetáculos, mas também se estende à tragédia, à psicanálise, à bolsa de valores...
Na trama, um casal em profunda crise conjugal fica preso em um aeroporto, o Tom Jobim, no Rio de Janeiro, enquanto aguarda um voo para Nova York. Nada de muito absurdo na situação, relativamente comum nos dias atuais, especialmente no Brasil. Mas é lá, em pleno terminal, que começam a ocorrer acontecimentos insólitos.
O interessante é que, apesar de se autodefinir como um antimusical, há números de canto e dança, protagonizados pelos personagens principais, George (Gustavo Gasparani) e Alma (Susana Ribeiro). Segundo Brício, trata-se de um texto que fala sobre o fim de uma relação. "Eu quis jogar com os modos diferentes do homem e da mulher de se relacionar. O personagem principal (Gustavo Gasparani) quer esquecer dos problemas do casamento. Já a mulher dele (Susana Ribeiro) pressente que a coisa está degringolando e quer aprofundar a dor da relação para tentar salvá-la, enquanto ele nem percebe que os dois estão num momento limite", conta.
Como o homem é diretor de música, e a mulher, uma atriz trágica, Me Salve, Musical! se divide entre esses dois modos de encarar a vida: um mais escapista, outro mais dramático, intenso e investigador. "Muito do humor do trabalho vem disso, e as duas personagens fazem o público se identificar, com a brincadeira do musical e da tragédia grega." Alma, a mulher, é uma atriz que fez Medeia a mais trágica das mulheres criadas pelo teatro grego de uma maneira bem-sucedida. Mas, depois, nunca mais conseguiu fazer qualquer papel. Irônico, no mínimo.
Serviço:
Me Salve, Musical! (confira o serviço completo). Direção de Pedro Brício. Hoje e amanhã, às 21 horas, no Teatro Positivo (R. Professor Pedro Viriato P. de Souza, 5.300).
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