“O corpo serve para potencializar o discurso, para não deixar que ele fique só na palavra”, defende Liniker.| Foto: Divulgação/

Liniker é cantor, mas também responde por cantora. Sua identidade não cabe em lugares fixos, mas sua musicalidade sim, tem um gênero próprio, típica dos artistas da soul music.

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Aos 20 anos, o menino de Araraquara usa vestido, turbante e batom roxo, mas o que mais chama atenção em seu trabalho é a voz. Foi com ela que o artista conquistou mais de 1 milhão de visualizações no YouTube e tornou seu recém lançado EP, Cru, em um sucesso entre o público jovem.

Agora, três meses depois de sua estreia autoral, o artista vem a Curitiba com a banda Os Caramelos para única apresentação, nesta sexta-feira (26), no Espaço Cult. O evento celebra os três anos da festa Misturicália, que promove, além de música, a livre expressão identitária.

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Dono de uma voz grave, levemente rouca e bastante promissora, Liniker soma à sua expressão musical um discurso engajado. Enquanto jovem, negro e gay, o cantor acredita no dever de militar em prol das minorias que representa e de resgatar as matrizes culturais que circunscrevem sua história.

“O figurino é uma responsabilidade social que eu tenho comigo e com o meu povo. A gente está se afirmando. É preciso se colocar enquanto resistência. Ser militante daquilo que a gente acredita”, defende o cantor.

Apesar das questões pontuais, necessárias e importantes que o envolvem, o artista preserva suas composições de temas espinhosos. Seus versos livres abordam trivialidades e, principalmente, a comunhão amorosa.

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“Eu comecei a escrever com 16 anos, então eu tinha muita música guardada, esperando o momento de mostrá-las numa instância maior”, revela.

Batizado em homenagem à Gary Lineker - jogador de futebol britânico que brilhou na Copa do Mundo de 1990, o filho de Ângela recebeu o nome estrangeiro por sugestão de um tio, que desejara que ele fosse futebolista. Mas a aposta dificilmente se realizaria no contexto familiar de Liniker.

“Minha relação com a música começa na barriga da minha mãe. Minha família tem muitos músicos. Meu avô era sanfoneiro, meus tios cantores e minha mãe mantém até hoje uma relação muito forte com a música”, diz o cantor.

Se no circuito independente o cantor já ocupa um lugar de prestígio, falta à indústria tradicional perceber que a soul music é geracional, inesgotável e potencialmente brasileira. E que a ambiguidade é a coisa mais moderna que existe.