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O fósforo de segurança foi criado em 1844 por um sueco, mas a caixa de fósforos só surgiu nos anos 1890 nos Estados Unidos. Nin­­guém imaginaria que o pequeno objeto (48 x 36 x 17mm) se tornaria, nas mãos criativas dos sambistas brasileiros, um instrumento musical indispensável.

Um dos especialistas, Elton Medeiros, que acompanhou na caixinha divas como Elizeth Cardosov, Clementina de Jesus, e bambas como Nélson Sargento e Pau­­linho da Viola, afirma: "Bato caixinha de fósforos porque isso me ajuda a viver. Tudo que faz a gente feliz ajuda a viver, não é?"

As primeiras caixas brasileiras eram de madeira e sua fabricação quase devastou as florestas de araucária do Paraná, principal produtor, daí a opção mais recente por caixas de papelão. Denise Dantas, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, diz que a caixa de fósforo, "que nasceu com a necessidade intrínseca de ser portátil", cumpriu o propósito para que foi inventada e poderia ser carregada no bolso da camisa, perto do corpo, junto ao coração, sem o risco de inflamar.

Mas os sambistas não ficaram na mão. Como as caixas de ma­­deira tinham a preferência dos consumidores, a Swedish Match, multinacional que no Brasil se chama Fiat Lux, continuou produzindo as embalagens tal como foram lançadas aqui a partir de 1904, usando agora a madeira de pínus, de rápido crescimento e reflorestada.

Cada caixa tem 40 fósforos de quatro centímetros. Elton Me­­deiros dá a re­­ceita da "afinação" da caixa: "Ela não deve estar nem cheia nem va­­zia. En­­contre um ritmo. De­­va­­gar­­zinho. Tente acompanhar a música. Siga. Ten­­te.

Todo mundo tem ritmo. Quem sa­­be ba­­ter caixinha de fósforos provavelmente saberá tocar outros instrumentos de percussão. Se não der para tocar caixinha de fósforos, invente outro instrumento." E Elton lembra seu amigo Diler­­mando Pinheiro: "Ele tocava samba batendo num simples chapéu de palha."

Serviço:

Veja Adoniran Barbosa batendo caixinha com Elis Regina num bar do Bexiga em 1978 (clique aqui).

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