Tiras foram publicada por dez anos, de 1985 a 1995 e livros seguem fazendo sucesso| Foto: Reprodução/

Quase 31 anos após seu nascimento, na seção de quadrinhos de um jornal americano, a internet segue amando Calvin e seu tigre de estimação, Haroldo. Na rede social Goodreads, na qual os leitores dividem suas impressões sobre os títulos que leem e dão notas a eles, não há livro melhor que “The Complete Calvin and Hobbes” (no original, o tigrinho leva o nome do autor de “Leviatã”).

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Cerca de 27 mil usuários avaliaram a obra e mais de 80% deram a nota máxima, de cinco estrelas. Bill Watterson, o criador, também é o autor mais bem avaliado segundo os leitores do Goodreads, à frente da japonesa Hiromu Arakawa, escritora de mangás.

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Com essas notas, a coleção completa de tiras (não disponível em português nesse formato) fica à frente de uma popular tradução da Bíblia em inglês e de outra criança adorada e nascida nas páginas dos quadrinhos de jornais: “Toda Mafalda”, do argentino Quino. Mas o que explica a longevidade de um personagem que, graças à resistência aos licenciamentos de seu criador, não virou boneco, desenho animado, camiseta e qualquer outra quinquilharia que o transformasse em uma marca?

O formato básico, de tira horizontal (as verticais eram publicadas aos domingos), que vai direto ao ponto, também favorece o rápido compartilhamento. E, na era da internet, compartilhar é amar. Mas a combinação da imortalização da infância a um certo sarcasmo parecem ser a receita.

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“As tiras têm a magia de falar com todas as idades e criar uma identificação imediata, graças à exagerada capacidade que o protagonista tem de sonhar. Calvin é um menino muito sincero nas suas implicâncias e preconceitos, igualzinho a nós quando crianças”, acredita o quadrinista curitibano José Aguiar.

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O desenhista paulista Ivan Reis, da DC Comics, credita o amor pelas tiras à qualidade atemporal do texto e ao traço singular. “São duas fases de leitura para ‘Calvin e Haroldo’. Quando somos mais jovens, primeiro nos encantamos com as aventuras definidas pelo desenho. Depois, passamos a entender a ironia, coisas que só vêm com o amadurecimento, quando buscamos por nosso passado. É um rito de passagem muito importante”, acredita.

Haroldo, o tigrinho que pode funcionar como a autocrítica do garotinho e só aparece em sua forma animada na ausência dos pais, é o amigo imaginário dos sonhos. “É o contraponto perfeito: bem-humorado, simpático e entusiasta”, lembra a editora Anita Deak, da Conrad, que publica as coletâneas das tiras no Brasil.