O governador Roberto Requião causou surpresa aos diplomatas estrangeiros na abertura do evento de biossegurança da ONU ao pregar a mudança de atitude do governo brasileiro sobre a classificação dos produtos geneticamente modificados. E depois que o Brasil anunciou oficialmente a mudança de posição, ainda assim reclamou do prazo de transição de quatro anos. Durante a reunião de secretariado, na manhã desta terça-feira, voltou a tecer críticas à política federal. Já à tarde, quando estava discursando ao lado da ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, optou por uma posição mais moderada e sequer citou a discordância que havia sido motivo de esbravejos poucas horas antes.
Preferiu aproveitar a oportunidade para se queixar à ministra, sobre a tentativa do governo federal de tomar a autonomia de fiscalização no embarque de transgênicos no Porto de Paranaguá. "Querem tirar do Paraná o controle e passar ao Ministério da Transgenia."
Para José Maria da Silveira, pesquisador da Universidade de Campinas (Unicamp), que promoveu um estudo dos impactos do Protocolo de Cartagena encomendado pelo Conselho de Informações sobre Biotecnologia (CIB), apesar do agronegócio paranaense não ser penalizado diretamente, a nova medida tiraria do estado "o prêmio" que foi conquistado com a exclusividade da soja convencional. "Se todo mundo separar, não terá diferencial", aponta.
Ele reconhece que os impactos das medidas devem ser menores nos estados do Rio Grande do Sul e no Paraná. No primeiro porque a imensa maioria da safra é transgênica e no segundo porque a safra é praticamente toda convencional. Nesses estados, a necessidade de investir em infra-estruturas de separação de cargas, como silos, é menor. Os custos irão se restringir aos testes obrigatórios para a certificação. Agricultores de estados como o Mato Grosso - que tem produção convencional e transgênica e está mais distante das zonas portuárias terão mais despesas.
As discussões que estão sendo travadas em Curitiba também deixam em situação política complicada o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues. Ele teve de reconhecer que perdeu a queda-de-braço para a ala ambientalista do governo. "Embora eu seja uma pessoa extremamente disciplinada, não posso deixar de admitir que nesse caso fui derrotado", admite o ministro. Dos 22,5 milhões de toneladas de soja produzidas no Brasil, 9,5 milhões de toneladas são transgênicas.
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