Os acionistas da Petrobras estão preocupados com o risco de serem prejudicados por possíveis mudanças no marco regulatório e também pela suposta criação de uma empresa estatal para gerir os blocos localizados na camada pré-sal. Nesta quinta-feira (21), o presidente do Conselho de Administração da BM&F Bovespa, Gilberto Mifano, afirmou que já foi procurado por acionistas da estatal, preocupados com os rumores da criação da nova estatal.

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O executivo fez o comentário quando questionado se a possibilidade de criação de uma nova empresa não poderia ferir princípios de governança corporativa. Na semana passada, em conferência para analistas e acionistas para a divulgação dos resultados financeiros do segundo trimestre, na sede estatal no Rio, alguns presentes que se identificaram como acionistas se manifestaram sobre sua preocupação com riscos de prejuízos por conta das possíveis mudanças. A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) informou que nenhuma queixa havia sido registrada formalmente.

Repetindo o mesmo tom cauteloso que é adotado pelos executivos da Petrobras quando tratam do assunto, Mifano fez questão de ressaltar que não tem nenhuma informação sobre como seria esta nova estatal e nem a confirmação se ela será mesmo criada. Entretanto, considerou que caso ocorra mesmo a criação de uma nova empresa "isso deverá ser feito com muito cuidado" para não ferir os diretos dos acionistas da companhia.

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"Não estou preocupado com investidores estrangeiros. Estou preocupado com 400 mil brasileiros que escolheram ter ações da Petrobras", disse em entrevista após participar de evento promovido pela Apimec, no Rio. Ele explicou que não tem uma posição específica sobre o que a Petrobras deveria ou não fazer em relação à criação de uma nova empresa. "Eu não tenho uma posição e se tivesse seria leviano manifestá-la, porque não tenho muita informação (sobre a criação da empresa). Mas a minha opinião é que tudo sobre este assunto deve ser feito com muito cuidado", disse.

No mesmo evento, o presidente da Apimec, Álvaro Bandeira, ressaltou que é preocupante a possibilidade de mudança nas regras atuais. "Mesmo porque o sucesso obtido na descoberta de óleo na camada pré-sal foi fruto da quebra do monopólio, eficiência da Petrobras e parcerias realizadas desde então."

Para ele, "o pior dos mundos seria a quebra de contratos, retorno de áreas licitadas e outros tais e quais". "Não somos uma republiqueta latina e as repercussões de uma atitude dessa junto aos investidores externos seria nefasta", disse.

Para analistas do mercado, a Petrobras tem se desvencilhado do tiroteio de informações contraditórias sobre as possíveis mudanças no marco regulatório, com ajuda de fatores externos. Apesar de certa insegurança dos investidores com relação às informações desencontradas, que mantiveram os preços das ações em baixa num primeiro momento, os analistas acreditam que a estatal foi "ajudada" pela alta em geral no valor das commodities e ensaia sua recuperação ainda em época de "incertezas".

"Na prática, o valor das ações da Petrobras foi atingido por esses fatores externos. Mas de certa maneira, o mercado já está absorvendo a informação de que a Petrobras não será prejudicada no caso de mudança do marco regulatório, ou mesmo com a criação de uma estatal", comentou Nelson Rodrigues de Matos, do Banco do Brasil. As ações da companhia que estava em baixa há dois meses, subiram ontem em torno de 5,5% e hoje em 4,2%.

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