A nomeação de Aldemir Bendine para presidência-executiva da Petrobras frustrou investidores que esperavam um nome mais independente no comando da estatal, e derrubou as ações da petroleira e arrastando a Bovespa nesta sexta-feira (6).

CARREGANDO :)

As ações preferenciais da estatal perderam 6,94% e as ordinárias caíram 6,52%, pressionando o Ibovespa, que fechou em queda de 0,9%, a 48.792 pontos. Na mínima do dia, o índice chegou a perder 2%. O giro financeiro do pregão foi de R$ 7,3 bilhões.

O Ibovespa acumulou alta de 4,02% na semana, no melhor desempenho semanal desde novembro.

Publicidade

Mudança de comando

O Conselho de Administração da Petrobras oficializou durante a tarde a nomeação de Bendine como presidente-executivo e Ivan Monteiro como diretor de Finanças da estatal. Monteiro também ocupava o mesmo cargo no BB.

As ações da petroleira já vinham sofrendo desde o início do pregão com notícias sobre a provável nomeação de Bendine como substituto de Graça Foster, que anunciou sua renúncia ao cargo na última quarta-feira.

Segundo participantes do mercado, o perfil de Bendine leva a crer em um elo político mais forte do que o desejado pelo mercado entra a estatal e o governo, que tem sofrido desgaste em meio ao escândalo de corrupção que se abateu sobre a Petrobras e que tem sido criticado por ingerência política na petroleira.

"O BB foi absolutamente comandado pelo governo na primeira gestão e a Petrobras precisaria de alguém mais independente, que peitasse o governo em determinadas situações e não fizesse loteamento de cargos", disse à Reuters o sócio da Órama Investimentos Álvaro Bandeira, no Rio de Janeiro.

Publicidade

Nomes que vinham circulando na mídia, como o de Murilo Ferreira, presidente da Vale, e o de José Carlos Grubisich, ex-presidente da Braskem, teriam sido melhor recebidos.

Em nota a clientes, o Bradesco BBI disse que Bendine não forneceria o choque de credibilidade necessário à companhia. Mas analistas do banco afirmaram acreditar que a indicação é apenas uma solução temporária até que o governo encontre um presidente-executivo permanente.

O ministro das Comunicações, Ricardo Berzoini, avaliou, no entanto, que Bendine não ficará no comando da estatal por um período curto.

As ações do Banco do Brasil também recuaram, embora a saída de Bendine já fosse esperada. A presidente Dilma Rousseff nomeou o atual vice-presidente de varejo da instituição, Alexandre Abreu, para assumir o comando do maior banco do país.

Em queda

Publicidade

Superando as ações da Petrobras na ponta negativa do Ibovespa, os papéis da companhia de educação Kroton caíram mais de 10%, a R$ 10,25, após a companhia reduzir a previsão de crescimento por conta das mudanças promovidas pelo governo federal nas regras do programa de financiamento.

O Morgan Stanley cortou nesta sexta o preço-alvo da ação da companhia e da rival Estácio, respectivamente, para R$ 14,80 e R$ 20,90. A Estácio recuou 6,1% e fechou a R$ 16,93.

Em alta

No sentido contrário, a América Latina Logística (ALL) subiu 4%, ainda em meio a expectativas positivas sobre o julgamento, na semana que vem, pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) da fusão com a Rumo Logística, do grupo Cosan.

A Ambev, que teve preço-alvo elevado pelo JP Morgan para R$ 19 ante R$ 17, subiu 1,42%, na maior influência positiva para o Ibovespa. O banco tem recomendação neutra para o papel.

Publicidade

As exportadoras Fibria, Embraer e Suzano avançavam em dia de alta do dólar ante o real.

Veja também
  • STF julgará habeas corpus de Renato Duque na próxima semana
  • Propina na BR Distribuidora variava entre 5% e 10%
  • Alexandre Abreu assume Banco do Brasil no lugar de Bendine
  • Curitibano faz música para o escândalo na Petrobras
  • "Graça já entrou para a nossa galeria", diz dona de fábrica de máscaras
  • Conselho da Petrobras aprova Bendine e novos diretores da empresa
  • MPF investiga Bendine por empréstimo que beneficiou apresentadora de TV
  • Ministério Público Federal investiga novo presidente da Petrobras
  • Bendine desagrada a corpo técnico da Petrobras e mercado financeiro