A Mercedes-Benz suspendeu toda a produção de caminhões e ônibus na fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista, por tempo indeterminado e iniciou na segunda-feira (15) demissões de trabalhadores, por meio de telegramas.
A empresa não informa o tamanho do corte, mas diz que os primeiros a receberem comunicados de dispensa compõem o grupo de 1,4 mil trabalhadores que está em licença remunerada desde fevereiro. Desde segunda, a maioria dos 9,8 mil trabalhadores da unidade está em casa sem saber a data de retorno à fábrica.
No início do mês a empresa já havia informado que, “diante de um cenário que tem se agravado cada vez mais, não temos outra alternativa a não ser a redução do quadro de pessoal”.
Após encerrar um programa de demissão voluntária que teve 630 adesões, a empresa informou ao Sindicato dos Metalúrgicos do ABC ter ainda 1.870 trabalhadores ociosos. Nesta quarta-feira (17) a entidade realizará assembleia com os funcionários no portão da Mercedes para definir medidas de protesto.
“A empresa tem de ter responsabilidade social e apostar na negociação e no diálogo. Sabemos que existem alternativas a serem adotadas sem que seja necessário demitir. Toda ação tem uma reação. Os trabalhadores estão mobilizados e vão lutar pelos seus empregos”, diz Moisés Selerges, diretor do sindicato.
Ford e VW
Além da Mercedes, estão com a produção suspensa na região do ABC paulista a Ford e a Volkswagen. Juntas, as três montadoras têm cerca de 20 mil trabalhadores em casa. A Ford deu férias coletivas aos cerca de 3 mil operários das linhas de automóveis e caminhões desta segunda-feira até dia 26, “para adequar o volume de produção às condições do mercado”.
Também nesta segunda-feira, a Volkswagen passou a deixar em casa os 8 mil funcionários da área produtiva por 20 ou 30 dias, por falta de peças para a produção. A empresa rompeu contrato com a Keiper, fornecedora de componentes com quem trava uma briga comercial há mais de um ano, e prepara um novo fornecedor.
Além da unidade de São Bernardo, estão paradas as outras duas fábricas de automóveis da Volkswagen em Taubaté (SP) e São José dos Pinhais (PR) e a de motores em São Carlos (SP).
Medidas
A direção da Mercedes ressalta que, desde 2014, adotou diversas medidas de flexibilidade e gestão de mão de obra para gerenciar o excedente de pessoal que, no início do ano, era de mais de 2,5 mil pessoas. A fábrica de São Bernardo opera com menos da metade de sua capacidade produtiva.
A montadora recorreu ao lay-off (suspensão temporária dos contratos), ao Programa de Proteção e Emprego (PPE) – que reduz jornada e salários –, férias coletivas, licença remunerada, PDVs e semana reduzida de trabalho. Atualmente opera um dia a menos por semana.
Mesmo após a demissão de parte do quadro, a empresa informa que terá de manter algumas dessas medidas de redução de produção.
De janeiro a julho, as vendas de caminhões da Mercedes-Benz caíram 23,3% em relação ao mesmo período de 2015, totalizando 8.783 unidades. O mercado total teve queda de 30,9%, para 30.273 caminhões. Já as vendas de ônibus da marca caíram 27,7%, enquanto no mercado total o recuo foi de 33,4%.
Saldo
Incluindo os segmentos de automóveis, comerciais leves, caminhões, ônibus e tratores, as montadoras demitiram neste ano 3 mil trabalhadores e empregam hoje 126,8 mil pessoas, retrocedendo assim ao efetivo que tinha em 2010.
Do total que ainda tem vínculo empregatício, 21 mil estão no PPE e 5 mil em lay-off, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Em rota contra Musk, Lula amplia laços com a China e fecha acordo com concorrente da Starlink
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast