O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (18) que bancos "palpiteiros estão quebrando" com a crise que atinge a economia dos Estados Unidos e que derrubou bolsas pelo mundo na segunda (15) e na quarta (17).

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Lula afirmou que o Brasil tem um "colchão importante", uma reserva de cerca de US$ 207 bilhões, e voltou a dizer que o país deverá ser pouco afetado caso haja recessão nos EUA.

As declarações foram dadas em discurso durante a inauguração da plataforma P-53 da Petrobras no estaleiro de Rio Grande (RS).

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"Vejo com uma certa tristeza bancos importantes que passaram a vida dando palpite sobre o Brasil, dizendo o que gente deveria fazer ou o que a gente não deveria fazer, medindo o risco deste país, fazendo propaganda para investidores se o Brasil era ou não confiável. (...) E é com muita tristeza que esses palpiteiros estão quebrando, estão entrando em concordata", disse. "Cassino e jogatina"

O presidente culpou a especulação financeira e o capital volátil pela crise. "[Os bancos] determinaram nos últimos anos no mundo não que o capital pudesse circular livremente gerando riqueza, mas determinaram que a especulação financeira, o cassino do sistema financeiro internacional pudesse determinar a lógica da economia", acrescentou.

Em entrevista concedida após a cerimônia, o presidente definiu assim a crise: "As pessoas transformaram alguns setores do sistema financeiro em cassino, perderam na roleta, e nós não queremos permitir que o Brasil seja vítima da jogatina."

Lula destacou que a economia brasileira está mais "independente" comercialmente dos Estados Unidos porque diversificou seus parceiros comerciais. Há dez anos, segundo o presidente, cerca de 26% das exportações brasileiras tinham como destino os EUA. Hoje, afirmou, esse percentual é de 15%.

Para o presidente, o Brasil deve estar atento à crise porque "quando um companheiro na minha cidade ficou com dengue eu tenho que me precaver para que também não peguemos a dengue."

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O momento, segundo ele, deve ser aproveitado para ampliar as relações comerciais e que será o "mascate" do Brasil.

'Objeto estatístico'

O presidente afirmou que, se a crise fosse há oito anos, o Brasil teria "quebrado", e fez mais críticas a gestões anteriores. "A palavra distribuição de renda era proibida nesse país. Pobre era objeto estatístico e eleitoral em época de eleição. Não eram tratados como se fossem cidadãos brasileiros a procura de uma chance, a procura de uma oportunidade."

Lula defendeu o papel de parcerias que gerem desenvolvimento e riqueza. "Se não fizermos assim, vamos repetir erros clássicos de momentos que a economia brasileira chegou a crescer 14% ao mês e que a renda não era distribuída, os ricos ficavam mais ricos, e os pobres ficavam muito mais pobres."

Crédito para a Petrobras

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O presidente comemorou o fato de a plataforma ter sido construída com mais de 70% de componentes nacionais. "É uma coisa exuberante. Significa que a partir dessa, poderesmos fazer muito mais", disse.

A prioridade agora, segundo informou em entrevista após a cerimônia, é "arrumar crédito para que a Petrobras continue fazendo os investimentos que está fazendo para que a gente possa antecipar ao máximo a retirada de petróleo do pré-sal".

O objetivo é não permitir que algum projeto seja paralisado por falta de crédito. "O governo federal assumirá junto com a Petrobras a responsabilidade de arrumar crédito para que as obras não parem. Porque uma obra parar, um projeto parar, significa a gente levar alguns meses ou alguns anos para retomar."