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O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse nesta sexta-feira (30) que a institutição acompanha "com atenção" os efeitos da crise na Europa, mas destacou que por enquanto as coisas estão "indo bem".

"Estamos olhando com atenção. É normal a volatilidade dos mercados. Quando há um projeto de intervenção europeia [como o que se discute na Grécia], os mercados caem. E do outro lado, quando há boas notícias, o mercado fica eufórico. Olharemos com atenção, no futuro, em função de ver como o resultado desse processo será equacionado", afirmou ele.

Meirelles falou sobre o assunto após discurso no seminário "Regulamentação do Artigo 192: desenvolvimento e cidadania", realizado na sede da Federação do Comércio de São Paulo (Fecomercio), que trata sobre o Sistema Financeiro Nacional.

Segundo o presidente do BC, é preciso esperar para ver como a situação se refletirá no PIB dos países europeus. "Vamos olhar como vai se refletir no fluxo de capitais e no crescimento do produto na Europa. Alguns países, os maiores, estão indo bem. Por outro lado, é uma preocupação", afirmou.

Juros e autonomia

Meirelles falou também sobre a decisão tomada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), na última quarta-feira, de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 9,5%, e considerou "normal" as críticas de que a situação do crédito pode piorar.

"Isso faz parte do debate normal. Tudo na economia tem custos e benefícios. Quando temos um excesso de demanda na economia, existe uma forma, depois de levar em conta investimentos (...). Se existe desequilíbrio, será corrigido de qualquer forma. Ou o Banco Central corrige, e a vantagem é que [o BC] tem piloto, ou a inflação corrige, e isso o Brasil já provou ser pior".

Durante o discurso no seminário, Meirelles defendeu a autonomia do BC independente da forma que isso ocorra, se autonomia operacional, como é hoje, com o ministro respondendo ao presidente da República, ou se com autonomia formal, totalmente desvinculado.

"O Banco Central do Brasil tem sido respeitado internacionalmente não só pela estabilidade da economia, mas pelas medidas tomadas contra a crise. É uma entidade reconhecida e a autonomia operacional tem sido muito bem sucedida. Agora, dizer qual é a forma ideal, é uma decisão da sociedade, e o debate tem que ser transparente e o mais honesto possível".

O Congresso Nacional discute atualmente projetos para alterar a forma de autonomia do BC.

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