O Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem à noite que vai intervir "ativamente" no mercado de bônus, frente à escalada da crise da dívida na zona do euro. "O BCE vai aplicar ativamente o seu programa [de compra de obrigações no mercado secundário]", indicou em um comunicado, sem maiores detalhes. A autoridade monetária vai comprar títulos da dívida da Itália e da Espanha para proteger esses países a terceira e a quarta maior economia da região de uma crise orçamentária em aceleração.
A instituição monetária de Frankfurt saudou os anúncios dos governos italiano e espanhol "relativos a novas medidas e reformas nos domínios das políticas orçamentárias e estruturais". O BCE considera necessária "uma rápida aplicação" desses programas para melhorar a competitividade das economias dos países envolvidos e reduzir rapidamente seus déficits públicos.
A instituição pede também aos chefes de Estado e de governo europeus que "garantam que honrarão sua assinatura soberana" e permitam rapidamente ao Fundo Europeu de Estabilidade Financeira intervir no mercado secundário, como foi decidido na cúpula de Bruxelas, em 21 de julho.
França e Alemanha
Ontem, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, e a chanceler alemã, Angela Merkel, também pediram "uma aplicação rápida e completa das medidas anunciadas" pela Itália e pela Espanha para sair da crise da dívida. Eles também afirmaram que "acolheram favoravelmente as decisões tomadas" e que sua aplicação é essencial para restaurar a confiança nos mercados.
A advertência teve como principal alvo o governo do primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi. "A meta das autoridades italianas de alcançar o equilíbrio orçamentário com um ano de antecedência é fundamental", afirmam Merkel e Sarkozy na declaração conjunta. No último dia 15 de julho, o Parlamento italiano adotou um plano de austeridade reforçado por cerca de 48 bilhões de euros para salvar o país da crise da dívida. Após uma semana de turbulências, Berlusconi anunciou na sexta-feira uma aceleração das medidas previstas do projeto orçamentário para os três próximos anos, a fim de alcançar o equilíbrio orçamentário em 2013, em vez de 2014. Já na Espanha, o governo de José Luis Rodriguez Zapatero lançou reformas do mercado de trabalho, da previdência social e do setor bancário.
Merkel e Sarkozy também renovaram seu "compromisso em aplicar plenamente" as medidas do acordo da zona do euro, como pedido pelo BCE. Entre essas medidas, uma ampliação da possibilidade de ajuda aos países mais frágeis por parte do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, apresentado como um esboço de um futuro Fundo Monetário Europeu.