Os investimentos mapeados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para o período de 2009 a 2012, que eram previstos em R$ 1,5 trilhão em agosto, antes do agravamento da crise internacional, caíram para R$ 1,3 trilhão na revisão feita em dezembro e anunciada nesta quinta-feira (29). Segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, os investimentos continuam firmes, sobretudo em infraestrutura, em que a redução foi de R$ 340 bilhões para R$ 319 bilhões. "É irrelevante, irrisória, a redução do investimento em infraestrutura", disse Coutinho.
Coutinho também ressaltou que nos setores da indústria intensivos em recursos naturais, como petróleo e gás e mineração em que a perspectiva antes do anúncio do novo plano de negócios da Petrobras era de R$ 317,7 bilhões em dezembro e agora será maior. O peso do setor de petróleo e gás nessa conta é de 80%, segundo o presidente.
Os setores intensivos em recursos naturais respondem pela maior parte dos investimentos previstos na indústria pelo levantamento que totalizam R$ 450 bilhões. De agosto para dezembro, porém, a taxa de crescimento anual média de investimentos da indústria caiu de "14% ou 15%", segundo Coutinho, para 9,8%.
No setor de construção, a mudança foi de R$ 570 bilhões para R$ 535,7 bilhões. "É um setor que aparentemente tem sofrido menos", disse Coutinho. Para o presidente do BNDES, o segmento que mais está sofrendo com a crise é o de insumos básicos.
Petrobras
Os recursos do BNDES para a Petrobras em 2009 e 2010 estão garantidos com o reforço de R$ 100 bilhões que o Tesouro Nacional deu ao banco, mas o presidente da instituição espera que a situação do crédito em geral melhore e a companhia não precise usar os US$ 21,9 bilhões do banco estatal. "O aporte do Tesouro removeu as incertezas de uma possível falta de crédito para a Petrobras, mas o resultado final (quanto a Petrobras vai de fato solicitar de crédito) vai depender do mercado. Acreditamos que as coisas podem melhorar e que a Petrobras possa voltar a pegar crédito no mercado, Mas, se a empresa precisar, o dinheiro está la", resumiu.
Coutinho observou que as previsões internacionais para este ano e o próximo são ruins, inclusive com perspectiva de recessão para o mundo, mas disse também que "a economia brasileira pode passar bem por este período". Para Coutinho, "não há razão lógica para a economia brasileira comer o pão que o diabo amassou".
Embraer
Coutinho defendeu enfaticamente que a instituição ajude a Embraer. "É nossa obrigação apoiar a Embraer, assim como todos os Eximbanks (bancos de apoio a importação e exportação) apoiam as empresas aeronáuticas de seus países", afirmou. No Brasil, a função de Eximbank é exercida pelo BNDES. " A Embraer é um ativo importante para o País", disse Coutinho.