O mercado norte-americano de ações fechou em queda forte nesta terça-feira (9), com o índice S&P-500 registrando sua maior queda porcentual desde 27 de fevereiro de 2007 e chegando ao fim do dia apenas 9 pontos acima da mínima dos últimos dois anos e meio, registrada em 15 de julho.

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Traders disseram que as preocupações quanto à saúde de instituições financeiras passaram das agências de crédito hipotecário Fannie Mae e Freddie Mac para empresas como o banco de investimentos Lehman Brothers e o banco de crédito imobiliário Washington Mutual; as novas quedas dos preços do petróleo e de outras commodities, por sua vez, influenciaram negativamente as ações do setor. Um trader disse que a alta dos mercados ocorrida ontem, em reação à intervenção federal na Fannie Mae e na Freddie Mac, foi "uma grande armadilha para touros" (referência a investidores que teriam sido atraídos para o mercado por uma alta das ações que se mostrou momentânea).

As ações do Lehman Brothers caíram 44,95%, na maior queda de todos os tempos em termos porcentuais, e fecharam a US$ 7,79, nível mais baixo desde 14 de outubro de 1998, em reação a informes de que o Korea Development Bank desistiu de comprar uma participação no banco; outro fator foi o anúncio de que a Standard & Poor's colocou os ratings do Lehman Brothers em observação para possível rebaixamento. As ações da seguradora AIG caíram 19,29% e fecharam no nível mais baixo desde 24 de agosto de 1995, por causa do temor dos investidores quanto à sua qualidade de crédito. As do Washington Mutual, objeto de preocupações quanto à sua capacidade de levantar capital, caíram 19,90% Outros destaques no setor foram Wachovia (-14,48%), Merrill Lynch (-10,26%), Citigroup (-7,09%), Wells Fargo (-7,12%) e Bank of America (-6,36%).

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As ações das companhias de petróleo e das mineradoras também caíram, em reação à nova baixa dos preços do petróleo e de outras commodities (ExxonMobil -4,57%, Chevron -2,79%, Valero Energy -11,82%, Freeport McMoRan -9,58%). No setor de tecnologia, as ações da Apple caíram 3,95%, depois de a empresa lançar novos modelos do iPod; as da Dell caíram 4,31%, um dia depois de anunciado que seu fundador, Michael Dell, recomprou US$ 100 milhões em ações da empresa.

O índice Dow Jones fechou em queda de 280,01 pontos (2,43%), em 11.230,73 pontos. O Nasdaq fechou em queda de 59,95 pontos (2,64%), em 2.209,81 pontos. O S&P-500 caiu 43,28 pontos (3,41%), para fechar em 1.224,51 pontos. O NYSE Composite perdeu 297,47 pontos (3,64%), para 7.871,15 pontos. O volume negociado na NYSE ficou em 1,690 bilhão de ações, de 1,696 bilhão ontem. No Nasdaq, o volume alcançou 2,607 bilhões de ações negociadas, de 2,594 bilhões ontem, com 590 ações fechando em alta e 2.296 em queda.

Os preços dos títulos do Tesouro dos EUA voltaram a subiram com correspondente queda nos juros. Os temores quanto à saúde das instituições financeiras fizerem os investidores buscarem "refúgio seguro" nos Treasuries. Também houve fatores técnicos por trás da alta dos preços dos Treasuries: para fazer hedge diante da queda dos juros, investidores do setor de títulos hipotecários compraram títulos do Tesouro. "Nos últimos dois dias, as variações de preço dos Treasuries vêm sendo determinadas pelos fluxos no mercado de títulos hipotecários", observou o trader Sean Murphy, da RBC Capital Markets. Para ele, "também há a necessidade de alguns participantes de aumentar a 'duration' de suas carteiras, já que os spreads caíram muito rapidamente depois do anúncio do pacote de ajuda à Fannie Mae e à Freddie Mac" ('duration', calculada a partir da média ponderada das maturações dos títulos de uma determinada carteira de títulos de renda fixa, mede a sensibilidade dessa carteira a variações nas taxas de juro).

No fechamento em Nova York, o juro projetado pelos T-bonds de 30 anos estava em 4,178%, de 4,260% ontem; o juro das T-notes de 10 anos estava em 3,584%, de 3,656% ontem; o juro das T-notes de 2 anos estava em 2,199%, de 2,285% ontem. As informações são da Dow Jones.

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