Os futuros do petróleo bruto atingiram o menor patamar em cinco meses nesta terça-feira (9), com traders apostando no anúncio de manutenção das cotas de produção da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) após a reunião do grupo em Viena.
Na New York Mercantile Exchange (Nymex), os contratos de petróleo para outubro caíram US$ 3,08, ou 2,9%, para US$ 103,26 dólares o barril, menor preço de fechamento desde 1º de abril. Incluindo as transações do sistema Globex, a mínima foi de US$ 101,74 e a máxima de US$ 106,77.
Em Londres, no sistema eletrônico da ICE Futures, os contratos de petróleo Brent para outubro caíram US$ 3,10 (3,08%) e fecharam a US$ 100,34 o barril. A mínima foi de US$ 99,04 e a máxima de US$ 105,07.
O petróleo negociado na Nymex encerrou 29% abaixo do preço recorde de fechamento atingido em 3 de julho, de US$ 145,29. Traders interpretaram os comentários dos ministros da Opep antes de um encontro do grupo em Viena como sinais de que as cotas de produção serão mantidas.
A previsão de que o furacão Ike não prejudicará estruturas importantes do setor de energia no Golfo do México também pressionou os preços.
"A idéia da manutenção das cotas da Opep e a possibilidade do Ike não seguir a direção noroeste puxaram o petróleo para baixo", afirmou Gene McGillian, analista de energia da corretora Tradition Energy em Stamford. "As questões relacionadas à economia e à demanda voltaram a ser os principais fatores de direcionamento deste mercado".
O início da reunião da Opep em Viena estava marcado para as 16h (de Brasília). Apesar do declínio nos preços do petróleo nas últimas semanas, declarações de ministros antes do encontro sinalizavam o desejo de não alterar as cotas oficiais de produção. No início do ano, um aumento de produção da Arábia Saudita, maior exportador da Opep, ajudou a enfraquecer os preços da commodity.
Ao chegar em Viena, o ministro de Petróleo saudita, Ali Naimi, classificou como "muito bem sucedido" o aumento na produção. "Trabalhamos muito duro desde junho para trazer os preços ao patamar atual", afirmou.
Segundo informações do Centro Nacional de Furacões dos EUA (NHC, na sigla em inglês), o furacão Ike passava pela região oeste de Cuba e poderia tocar o solo de Corpus Christi, no Texas, no sábado. Caso mantenha a trajetória, o furacão pode poupar grande parte das infra-estruturas do leste do Texas e de Louisiana, segundo analistas.
Ainda assim, a Exxon Mobil, a Royal Dutch Shell e a BP retiraram os funcionários das instalações marítimas antes da chegada da tempestade.
Traders devem acompanhar atentamente o relatório semanal sobre os estoques comerciais de petróleo nos EUA. A expectativa é de diminuição acentuada nas reservas, refletindo a interrupção da produção no Golfo do México antes da chegada do furacão Gustav na semana passada.
Analistas consultados pela Dow Jones prevêem uma queda de 5 milhões de barris para o petróleo, baixa de 4,4 milhões de barris para a gasolina e declínio de 2,2 milhões de barris para os destilados. A taxa de ocupação de refinarias deve cair 6,5 pontos percentuais, para 82,2% da capacidade. Os dados são relativos à semana encerrada em 5 de setembro.
Os dados semanais podem continuar trazendo anomalias de curto prazo, já que a produção no Golfo do México permaneceu suspensa por conta da chegada do Ike. O Serviço de Gerenciamento de Minerais dos EUA (MMS, na sigla em inglês), informou que uma produção superior a 1 milhão de barris por dia ainda está paralisada - volume equivalente a um quinto de toda a produção interna norte-americana. As informações são da Dow Jones.
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