Dólar cai ante real por eleições; investidores aguardam pesquisas

O dólar caiu 1% ante o real nesta terça-feira (7), recuando pela terceira sessão seguida, e fechou no menor nível em duas semanas, com investidores animados por notícias de que Marina Silva (PSB) já teria fechado apoio a Aécio Neves (PSDB) no segundo turno das eleições à Presidência. Segundo analistas, a moeda norte-americana deve rondar o patamar de R$ 2,40 até novas pesquisas eleitorais trazerem mais pistas sobre a acirrada disputa entre o tucano e a presidente Dilma Rousseff (PT).

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As estatais ajudaram a Bolsa brasileira a subir pela quarta sessão seguida, com os investidores ainda ajustando posições após o resultado do primeiro turno das eleições e com a expectativa de apoio da ex-senadora Marina Silva (PSB) ao candidato Aécio Neves (PSDB) no segundo turno. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, fechou em alta de 0,56%, a 57.436 pontos.

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Também guiado pela agenda eleitoral, o dólar fechou em baixa pelo quarto pregão. O dólar à vista, referência no mercado financeiro, caiu 0,63%, a R$ 2,40. Já o dólar comercial, usado no comércio exterior, encerrou em baixa de 0,94%, a R$ 2,402 (leia ao lado).

Os investidores aproveitaram o dia para ajustar as posições após o resultado do primeiro turno, que mostrou o candidato Aécio Neves com mais força do que o indicado em pesquisas eleitorais. "Existia uma expectativa de que Aécio ou Marina fossem ao segundo turno contra a Dilma [Rousseff, PT], mas não se imaginava que ele teria uma votação tão expressiva", afirma Leandro Ruschel, diretor da Escola de Investimentos Leandro&Stormer.

O mercado também reagiu positivamente à informação de que Marina estaria negociando o formato do anúncio de seu apoio a Aécio no segundo turno das eleições. A ex-senadora estaria estudando a melhor maneira de se colocar ao lado do tucano sem parecer incoerente com a postura de "nova política" que defendeu durante a campanha. Entre os pontos que pretende negociar estão a reforma política, com o fim da reeleição, a educação em tempo integral e a sustentabilidade. Todos eles já aparecem contemplados no programa de governo tucano.

"O mercado precificou essa transferência de votos em um eventual apoio da Marina ao Aécio. Caso se confirme, parte dos 21% que votaram nela tendem a apoiar o Aécio, pois estão descontentes com o governo atual, embora uma parte não deva migrar", ressalta Lenon Borges, analista da Ativa Corretora.Por outro lado, relatório do FMI (Fundo Monetário Internacional) que revisou para baixo o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro este ano não repercutiu negativamente sobre o Ibovespa, afirma Leandro Ruschel, da Escola de Investimentos Leandro&Stormer. "A projeção do FMI sobre o Brasil não afetou a Bolsa. Como o mercado está vivendo mais a agenda eleitoral, esse dado negativo reforça a percepção de que é necessária uma mudança de governo", diz.

Ações

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As estatais novamente foram destaque nesta terça (7). Os papéis preferenciais da Petrobras, os mais negociados, encerraram o dia com alta de 4,46%, a R$ 21,30. Já as ações ordinárias, com mais direito a voto, subiram 3,91%, a R$ 19,95.

A empresa anunciou nesta terça (7) descobertas de petróleo leve (de melhor qualidade) e de gás, ambas na bacia do Espírito Santo, a terceira mais importante do país. De acordo com a Petrobras, foi encontrado óleo em em águas ultraprofundas, acima da camada do pré-sal na Bacia do Espírito Santo.

No entanto, a notícia não foi o principal condutor da alta das ações da petrolífera nesta terça (7), afirma Ruschel, da Leandro&Stormer. "O anúncio sempre pode ajudar, mas não foi o fator principal do momento. A alta foi eleitoral. As estatais formam a 'carteira política' que mais sofrem influência eleitoral, e vão ter performance melhor ou pior conforme as próximas pesquisas", afirma.

As ações do Banco do Brasil encerraram o dia com alta de 4,19%, a R$ 30,33.A maior alta do Ibovespa ficou com a Cemig, que subiu 8,33%, a R$ 16,25. As ações da Oi também registraram avanço expressivo, de 3,77%, após a companhia afirmar que poderá vender ativos não estratégicos e participações em empresa controladas. No entanto, segundo a empresa, ainda não há decisão sobre possível venda de ativos em Portugal.

Exterior

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No exterior, as principais Bolsas caíram após a divulgação de dados ruins de produção industrial na Alemanha. A produção industrial alemã recuou 4% em agosto na comparação mensal, a maior baixa desde a crise financeira no início de 2009, de acordo com o Ministério da Economia.

A economia da Alemanha teve um início forte de ano mas encolheu 0,2% no segundo trimestre. As evidências de que ela cresceu pouco no terceiro trimestre estão crescendo e alguns economistas projetam até mesmo nova contração. Esses dados fazem com que as Bolsas europeias e dos Estados Unidos recuem nesta terça (7).

Nesta quarta (8), será divulgada a ata da última reunião do Federal Reserve, que pode jogar luz sobre quando o banco central americano pretende iniciar a escalada de juros nos Estados Unidos.

Um aumento da taxa de juros deixaria os títulos do Tesouro dos EUA, que são remunerados pela taxa e considerados de baixíssimo risco, mais atraentes que aplicações em emergentes, provocando uma migração de recursos desses mercados de volta à economia americana. "É importante continuar a monitorar o ritmo de recuperação da economia americana e os próximos passos desse processo de normalização, que podem afetar o Brasil", afirma o analista Luis Gustavo Pereira, analista da Guide Investimentos.