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O agravamento da crise na zona do euro, com a possível saída da Grécia do bloco e os riscos de contágio para a região, trouxe pânico aos mercados financeiros em maio e atingiu em cheio o principal índice da bolsa paulista, que amargou seu pior desempenho mensal desde outubro de 2008, ápice da crise financeira internacional.

O Ibovespa conseguiu emplacar um movimento de correção nesta quinta-feira 931), acelerando os ganhos nos ajustes finais do pregão, e fechou a sessão em alta de 1,29%, a 54.490 pontos. O giro financeiro foi de R$ 10,36 bilhões.

Ainda assim, o índice acumulou queda de 11,86% em maio, a pior baixa mensal desde outubro de 2008, quando o tombo foi de 24,8%, no ápice da crise deflagrada pela quebra do banco norte-americano Lehman Brothers.

"Maio foi um mês recheado de notícia péssima, um mês ruim para a bolsa, muita gente perdeu dinheiro", disse o chefe da divisão de corretagem na Mirae Securities, Pablo Spyer.

"As incertezas ainda estão na mesa, ninguém sabe o que vai acontecer na zona do euro, por isso o elevado nível de estresse e a volatilidade devem continuar em junho."

O impasse político da Grécia deve continuar no foco dos investidores, já que a nova eleição marcada para 17 de junho pode definir se o país permanecerá ou não na zona do euro. A saúde financeira dos bancos espanhóis também preocupa.

"O mercado vai continuar volátil até que fique definido se a Grécia continua ou não na zona do euro, mas o que mais preocupa é um possível contágio para outros países do bloco, como Espanha e Itália", avaliou o analista-chefe da Coinvalores, Marco Aurélio Barbosa.

Além disso, sinais de menor crescimento na China e de recuperação que ainda patina nos Estados Unidos terminaram de azedar o humor de investidores em maio e devem ser acompanhados de perto em junho, segundo os profissionais consultados.

"Esse cenário fez os investidores estrangeiros apertarem o botão 'eject' dos mercados emergentes, com uma saída fortíssima desses mercados em busca de investimentos considerados mais seguros, como títulos norte-americanos", disse Spyer, da Mirae.

No acumulado de maio até dia 29 (último dado disponível), os estrangeiros sacaram R$ 2,73 bilhões da Bovespa. Se a tendência se confirmar, essa será a maior retirada líquida de recursos externos da bolsa também desde outubro de 2008.

"Vimos migração de capital e grandes incertezas pairando nos mercados neste mês. É difícil argumentar se a bolsa está com preço convidativo para o investidor ou não, estamos em um verdadeiro cenário de incerteza", disse o sócio-diretor da Título Corretora, Márcio Cardoso.

Nesta quinta-feira, a recuperação da ação da Petrobras na segunda metade do pregão contribuiu para o Ibovespa encerrar os negócios em alta. A preferencial da estatal subiu 4,25%, a R$ 19,13, enquanto a ordinária avançou 3,07%, para R$ 19,80.

Entre as maiores altas do índice, o destaque ficou com o papel da Itaúsa, com ganho de 6,14%, a R$ 8,81, seguida por Hypermarcas e Cyrela Brazil Realty, com altas de quase 5% cada.

Já a ação ordinária da Usiminas despencou 13,9%, a R$ 9,17, com forte volume de negócios. A ação foi excluída da nova carteira do índice MSCI, que entra em vigor na sexta-feira, o que levou a forte venda do papel por fundos que acompanham o índice, segundo operadores.

Também excluída do MSCI, Suzano -que não integra a carteira teórica do Ibovespa- caiu 8,06%, a R$ 5,02, e com forte giro, de quase R$ 105 milhões. A produtora de papel e celulose tem uma oferta de ações em análise com a qual pretende levantar R$ 1,5 bilhão.

Banco Cruzeiro do Sul despencou 25,2%, a R$ 9,01, após notícia veiculada em jornal nesta quinta-feira de que o BTG Pactual estaria negociando a compra da instituição. O volume financeiro, porém, foi de apenas R$ 388 mil.

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