A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) reduziu suas perdas - que ultrapassaram 10% pela manhã, interrompendo o pregão - no fim da tarde desta sexta-feira e fechou em baixa de 3,97%, marcando 35.609 pontos, registrando a sétima sessão seguida de desvalorização.
Na semana, o mercado financeiro brasileiro acumulou perda de 20,01%. No mês de outubro, o índice registra 28,12% de baixa - a única alta no mês foi na quarta-feira da semana passada, dia 1º. No acumulado de 2008, a baixa superou 44%.
Ações
No fim do pregão volátil, figuravam nas maiores baixas empresas como a JBS Friboi (-14%), Gafisa (-14%), Embraer (-10%) e Lojas Renner (-10%). Entre as ações mais negociadas, o papel da Petrobras caiu mais de 7%, enquanto o da Vale recuou 1%. O volume financeiro negociado foi de R$ 5,4 bilhões.
Na bolsa paulista, contribuiu para o pessimismo o fato de algumas empresas importantes enfrentem dificuldades com posicionamentos financeiros em dólar. Nesta sexta, o Grupo Votorantim, que tem o capital fechado, anunciou perda de R$ 2,2 bilhões com operações de swap com verificação em dólar. Aracruz e Sadia haviam tido o mesmo problema. No mundo todo, os mercados sofreram fortes perdas com o alastramento da crise. A exceção foi o índice Dow Jones, nos EUA, que se recuperou no fim do pregão após cair mais de 8%, ajudando o resultado da Bovespa. O indicador-referência para Nova York teve baixa 1,49%. Em discurso, o presidente Bush disse que está agindo "e continuará a agir" para restaurar a estabilidade.
O índice FTSEurofirst 300 - que reúne os principais índices da Europa -despencou 7,6%, para 849 pontos, o menor patamar de fechamento desde 2 de julho de 2003. Em Londres, o índice FTSE-100 fechou com queda de 8,85%. O índice DAX 30 da Bolsa de Frankfurt desabou 7,01% e o CAX-40, de Paris, mergulhou 7,73%. Na Ásia, as bolsas registraram seu pior dia desde o início da crise. Em Tóquio, o índice Nikkei chegou a recuar 11,38%. Acabou fechando no vermelho de 9,62%, seu pior desempenho desde 28 de maio de 2003. Na Rússia, o mercado de Moscou, que registrou quedas diárias de 18%, continou fechado nesta sexta-feira, apesar de aprovação de pacote de ajuda a bancos.
Numa tentativa de alavancar o mercado, o Banco do Japão (BOJ) forneceu 3,5 trilhões de ienes (US$ 35,4 bilhões) para aliviar a situação do setor financeiro. A turbulência derrubou a companhia de seguros japonesa Yamato Life Insurance, que pediu a proteção da lei de falências.
Em Hong Kong, o índice Hang Seng encerrou em queda acentuada de 7,19%. Em Seul, a bolsa sul-coreana mergulhou 4,13%. A Bolsa de Valores de Xangai resistiu aos índices alarmantes dos principais mercados asiáticos, mas também encerrou o pregão no vermelho: 3,57%.
Medidas drásticas
Para tentar conter o caos dos mercados, o governo dos EUA está estudando duas medidas drásticas para tentar resolver os problemas dos mercados financeiros, segundo reportagem do "Wall Street Journal" desta sexta: garantir bilhões de dólares em dívida bancária e assegurar temporariamente todos os depósitos em bancos no país. Se as decisões forem implementadas, elas significarão a mais ampla intervenção governamental já ocorrida no sistema.
Os investidores também acompanham o encontro do G7 em Washington, que reúne economista e presidentes de bancos centrais das economias desenvolvidas. As discussões serão sobre a crise e possíveis soluções globais que evitem o colapso econômico no mundo tudo.
Os países do G20, do qual faz parte o Brasil, se reúnem no sábado. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, e o presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, também cumprem agenda nesta sexta em Washington.
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