A Bovespa teve mais um dia de perdas generalizadas nesta quinta-feira (17), com seu principal índice recuando ao menor patamar em quase sete meses, após a agência Fitch ter rebaixado o rating da Grécia, agravando o pessimismo dos mercados sobre os impactos de eventual saída do país da zona do euro.
O Ibovespa amargou o oitavo pregão seguido de queda, caindo 3,31%, a 54.038 pontos. Foi a maior baixa diária desde 22 de setembro, quando a queda foi de 4,8%, e a menor pontuação de fechamento desde 20 de outubro, de 54.009 pontos. O giro financeiro do pregão somou R$ 8,35 bilhões.
"Acho que é um movimento um pouco exacerbado, já virou um efeito manada", disse Eduardo Dias, analista na Omar Camargo Corretora. "Ibovespa a 55 mil pontos já era exagero; a 54 mil pontos, então, nem se fala. Para mim já chegou em ponto de compra."
A crise política na Grécia e um possível contágio em países como Espanha e Itália segue impondo forte clima de cautela. Na tarde desta quinta, a agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating da Grécia de "B-" para "CCC", citando o elevado risco de o país ter de sair da zona do euro.
"Por mais que se fale que Grécia está precificado, não está", disse Newton Rosa, economista-chefe na Sul América Investimentos. "Essa questão assusta investidores e pode provocar, em um primeiro momento, uma situação de retração dos fluxos de capitais de certa forma comparável a 2008."
Mais cedo, também pesou sobre os mercados a preocupação com a situação dos bancos na Espanha e os dados mais fracos que o esperado nos Estados Unidos. Indicadores antecedentes da atividade econômica norte-americana tiveram queda pela primeira vez em sete meses.
Em Wall Street, o Dow Jones fechou em queda de 1,24%. Mais cedo, o principal índice dos mercados acionários europeus encerrou com baixa de 1,15%.
Dentre as ações com maior peso no Ibovespa, a preferencial da Petrobras devolveu os ganhos da véspera e fechou em queda de 4,46%, a R$ 18,43, enquanto a preferencial da Vale caiu 3,66%, a R$ 34,78. OGX recuou 5,59%, a R$ 10,97.
Papéis de bancos também se destacaram entre as baixas do pregão, com Banco do Brasil recuando 4,9%, a R$ 19,40, e Bradesco com queda de 4,38%, a R$ 26,88.
"Além da degradação das expectativas lá fora, soma também contra essa intervenção do governo na economia e a mudança de discurso com relação aos bancos, e isso não está agradando muito aos investidores", disse Sérgio Machado, sócio-gestor da Vetorial Asset.
Apenas dois dos 68 ativos que compõem o índice fecharam em alta: CCR Rodovias subiu 2,09%, a R$ 15,62 reais, e MRV Engenharia avançou 1,66%, a R$ 9,81 reais.
- Crise europeia gera oportunidades para a América Latina, diz Slim
- Brasil abre 216.974 vagas formais em abril
- Presidência de Hollande começa com diminuição dos salários do governo
- Dado americano decepciona e reforça pessimismo nos mercados
- Fitch reduz rating da Grécia por risco de deixar zona do euro