"O Lehman quebrou. E eu com isso?"
Especialistas dizem que a crise atual é tão grave que é do tipo que ocorre uma vez a cada século. Ela vai afetar todos os tipos de aplicações.
Confira na reportagem da Globonews como foi o dia na Bolsa de Valores de São Paulo
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Em dia de forte volatilidade nos mercados, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou com alta de 5,48% aos 48.423 ponto (maior variação desde 30 de abril, quando foi dado o grau de investimento), compensando parte das perdas do dia anterior, quando despencou quase 7%. A escassez de crédito em moeda estrangeira fez o dólar superar R$ 1,96 no momento mais tenso do dia, mas a moeda americana perdeu fôlego e fechou com alta de 3,32% a R$ 1,930 (maior valor desde 10 de setembro de 2007) depois do anúncio de que o Banco Central (BC) ofertará dólar no mercado de câmbio. O BC brasileiro não vende dólar desde 2003, mas o presidente da instituição, Henrique Meirelles, disse que os leilões serão realizados com a freqüência que o BC considerar necessária.
A disparada da Bovespa no fim do dia seguiu o mercado americano, que começou a comemorar a expectativa de uma intervenção ainda mais forte do governo americano. Já se fala que os Estados Unidos vão criar uma agência para absorver os ativos imobiliários podres, como foi feito na crise dos anos 80 das instituições de poupança e empréstimo - as savings and loans, informa a colunista Miriam Leitão.
Também contribuiu o anúncio de que os seis maiores bancos centrais do mundo vão realizar ações coordenadas para combater a falta de liquidez no sistema financeiro, injetando mais de US$ 200 bilhões no mercado. Mesmo assim as bolsas brasileira e americanas chegaram a recuar no início da tarde, mas tiveram veloz recuperação no final do pregão após notícias de que o governo estuda uma solução mais ampla para a crise financeira. Além disso, a China decidiu cortar impostos para quem comprar ações o que incentivar investimentos no mercado.
Wall Street teve o melhor dia em seis anos. O indicador industrial Dow Jones avançou 3,86%; o Nasdaq, das ações de tecnologia, subiu 4,78%; e o S&P500 ganhou 4,33%. Em curto pronunciamento em Washington, o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, disse que o governo vai continuar a tomar providências para fortalecer e estabilizar os mercados financeiros americanos e melhorar a confiança do investidor.
O ouro continua atraindo investidores que procuram segurança em meio a turbulência financeira. A onça subiu US$ 46,50 nos EUA a US$ 897, acumulando alta de US$ 116,50 em dois dias. Já o petróleo recuou 2,70% em Nova York, onde o barril do tipo leve era negociado a US$ 94,54. Em Londres, o Brent subiu 3,28% a US$ 97,95.
Entre os papéis de maior peso no Ibovespa, as ações preferenciais da Petrobras subiram 8,05% a R$ 32,20, e as da Vale ganharam 7,45% a R$ 34,60. Bradesco PN avançou 6,87% a R$ 28,30. Enquanto BMF BOVESPA ON subiu 0,12% a R$ 7,85.
O que causou a volatilidade no mercado, com quedas durante a tarde, foram temores sobre a possiblidade de outras grandes instituições financeiras quebrarem, como os bancos americanos Washington Mutual e Morgan Stanley. na quarta-feira as bolsas mundiais registraram fortes quedas porque o mercado financeiro não reagiu bem à ajuda de R$ 80 bilhões que o Fed (Banco Central americano) deu à seguradora AIG .
Segundo a mídia americana, o Citigroup e o californiano Wells Fargo estariam interessados na aquisição do Washington Mutual. Já o Morgan Stanley, segundo maior banco dos Estados Unidos, negocia duas soluções para seus problemas de crédito provocados pela crise no mercado financeiro. O banco pode vender parte de seus negócios para a China Investment Corp., um fundo de investimentos controlado pelo governo chinês, e também está conversando sobre uma possível fusão com o banco Wachovia. O fundo chinês já havia adquirido 9,9% do Morgan em dezembro. Os papéis do Morgan Stanley reduziram as perdas depois que chegaram informações de que a China Investment Corp. poderia adquirir mais de 49% do banco americano, mas voltaram a cair mais de 30%. As ações da instituição chegaram a cair 42% esta semana, logo depois do pedido de concordata do Lehman Brothers e da compra do Merrill Lynch pelo Bank of America.
Depois do anúncio de que o banco Barclays pretende ficar com as operações do Lehman Brothers nos Estados Unidos, a agência classificadora de risco Fitch Ratings divulgou um comunicado dando perspectiva negativa à atual nota da instituição financeira , que atualmente é de AA. A ação, na prática, significa que o Barclays poderá ser rebaixado a qualquer momento.
A Rússia também ampliou nesta quinta-feira a ajuda emergencial ao mercado financeiro para US$ 130 bilhões , tentando levantar as bolsas após as piores quedas em uma década. Parte das operações com ações continuam suspensas na Bolsa de Moscou hoje. Ontem, as operações foram paralisadas após as ações de dois grandes bancos do país recuarem mais de 20%.
Bolsas da Europa e Ásia fecharam com queda
As principais bolsas da Europa reverteram os ganhos da manhã e fecharam em queda, pois seus pregões terminaram antes da notícia de que o governo americano tomaria novas medidas para conter a crise. O índice CAC, de Paris, registrou queda de 1,06%. A Bolsa de Frankfurt terminou o pregão estável. E o índice FTSE, de Londres, recuou 0,66%. O banco britânico Lloyds fechou nesta quinta-feira, com ajuda do governo, acordo para resgatar o HBOS por US$ 22 bilhões e criar um banco de hipotecas e poupanças dominante na Inglaterra.
As Bolsas da Ásia tiveram pouco tempo para reagir ao anúncio de uma ação coordenada entre seis bancos centrais contra a crise e voltaram a cair nesta quinta-feira, afetadas pelas fortes perdas de quarta-feira em Wall Street e pelos temores sobre o setor financeiros dos EUA.
A Bolsa de Tóquio caiu nesta quinta-feira, pela segunda vez nesta semana, em seu nível mais baixo em três anos. O Nikkei recuou 260,49 pontos (2,21%) até chegar aos 11.489,30 pontos, abaixo dos 11.609,72 pontos que marcou na terça-feira.
O índice Kospi da Bolsa de Seul fechou em baixa de 32,84 pontos (2,3%), aos 11,392.42. O índice Hang Seng da Bolsa de Hong Kong fechou em leve queda de 0,03%, enquanto a Bolsa de Xangai encerrou o pregão em queda de 1,72%.
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