A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) fechou em alta de 4,28% nesta terça-feira depois de o Federal Reserve (o Banco Central americano) ter surpreendido e cortado a taxa de juros básica dos Estados Unidos no teto das expectativas. Esta é a maior alta da bolsa desde 6 de março. Já o dólar fechou em baixa de 2,29% e na Bolsa de Mercadorias e Futuros as projeções de longo prazo para juros chegaram a cair 2%.

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A bolsa operou em compasso de espera e disparou logo depois de o Fed anunciar um corte de 0,5 ponto percentual da taxa, para 4,75% ao ano . Desde o agravamento da crise de crédito iniciada no setor imobiliário americano, a redução das taxas de juros pelo Fed é esperada pelos investidores como uma medida de contenção das turbulências financeiras.

O mercado apostava num corte da taxa de 0,25 ou de 0,50 ponto percentual e o Fed optou pela redução mais ousada. Quanto menores forem os juros, maior é o estímulo à economia americana, que começa a mostrar sinais de retração devido aos problemas no mercado imobiliário.

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Mas com a expectativa de aquecimento da economia o petróleo fechou acima de US$ 82 o barril , novo recorde de alta. Investidores temem que os estoques não sejam suficientes para atender o aumento do consumo.

Na avaliação do economista-chefe do Banco Schain, Silvio Campos Neto, o cenário para o mercado de ações ficou mais tranqüilo com a decisão do Fed.

- A decisão do Fed surpreendeu. A gente esperava um corte de 0,25 ponto. O Fed mostrou que está tomando atitudes para evitar uma piora da economia como um todo. Isso, sem dúvida, deixa um cenário mais favorável para o mercado de ações - afirmou o analista.

Para Julio Hegedus Netto, economista-chefe da consultoria de investimentos Lopes Filho, a volatilidade das bolsas deve diminuir, mas ele ressalta que os efeitos da crise ainda não acabaram.

- Essa decisão mais ousada do Fed também pode mostrar que a crise seja mais profunda do que o mercado espera. O pior da crise pode ter passado, mas seus efeitos ainda não - afirmou.

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Antes da decisão do Fed, outras notícias já tinham contribuído para o bom humor do mercado. O próprio Fed injetou US$ 9,75 bilhões pela manhã no sistema financeiro americano .

Pela manhã (horário de Brasília), o Banco Central Europeu (BCE) fez também uma injeção de 155 bilhões de euros no mercado financeiro da região, a uma taxa de juro mínima de 4,15%.

O primeiro corte de juros desde 2003

O corte de juros dos EUA é o primeiro desde junho de 2003, quanto a taxa foi reduzida para 1% ao ano. Em junho de 2004, o Fed deu início ao movimento de aperto monetário, que durou exatamente dois anos, com a taxa chegando a 5,25% em junho de 2006, patamar que vem sendo respeitado desde então.

Pela manhã, foi divulgado a queda de 1,4% nos preços ao produtor nos Estados Unidos no mês passado . O declínio foi mais intenso do que as expectativas de muitos economistas, que apostavam em um recuo de 0,3% a 0,4%.

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Além disso, o Lehman Brothers divulgou a primeira queda de lucro trimestral desde 2002. O recuo de 3,2% nos ganhos do terceiro trimestre fiscal dos Estados Unidos foi causado por baixas contábeis relacionadas a hipotecas e posições de empréstimos alavancados.

No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que as vendas do comércio no país subiram em julho , completando o sétimo mês consecutivo de aumento.

Bolsas sobem na Europa

A ajuda ao Northern Rock ajudaram as ações de bancos na Europa a terminarem o dia em alta e as principais bolsas do continente fecharam também com ganhos, à frente da decisão do Fed . O índice da bolsa de Londres FTSE subiu 1,63%. o CAC-40, de Paris, teve alta de 2,02% e o DAX, de Frankfurt, de 1,27%.

Na Ásia, os principais mercados fecharam em queda. Em Tóquio, o índice Nikkei 225 cedeu 2,02%, para 15801,80 pontos, um dia depois de essa praça não operar por causa de feriado.

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Em Hong Kong, o Hang Seng diminuiu 0,09%, para 24576,85 pontos. O Kospi, de Seul, caiu 1,77%, ficando em 1838,61 pontos. O Shanghai Composite Index, de Xangai, foi exceção - encerrou aos 5425,20 pontos, com elevação de 0,07%.

Na Inglaterra, as ações do banco hipotecário britânico Northern Rock subiram mais de 10% nesta terça depois de o governo britânico dizer que protegerá todos os depósitos dos correntistas na instituição . Desde sexta-feira, com o anúncio de um empréstimo emergencial para a instituição, os correntistas fizeram filas nas agências da empresa para sacar suas economias.