Após ter perdido a liderança no ranking brasileiro de bancos privados, com a fusão entre Itaú e Unibanco, o Bradesco disse a investidores que não está com pressa de fazer aquisições com o objetivo de retomar a dianteira.
"O que nos interessa é a eficiência, a rentabilidade para os acionistas. Não faremos aquisições por fazer. Não vamos fazer loucura", disse Marcio Cypriano, presidente-executivo do banco, em reunião com investidores em Nova York transmitida pela Internet.
Após a fusão, o Itaú Unibanco passou a ter ativos totais de 575,1 bilhões de reais, seguido pelo Banco do Brasil, cujos ativos subiram para 512,3 bilhões de reais com a compra da Nossa Caixa, anunciada na semana passada. Nessa lista, o Bradesco aparece em terceiro, com 422,7 bilhões de reais.
De acordo com Milton Vargas, vice-presidente do Bradesco, o banco vai centrar sua estratégia no crescimento orgânico, com ênfase nas pessoas físicas com menor renda. "É um segmento no qual a gente não perde, mesmo com fusão de outros bancos", disse.
Cypriano também descartou qualquer movimento iminente de expansão no exterior. "No presente momento, expandir para fora do Brasil poderia ser temerário. No presente momento, não faremos nada no exterior", assegurou.
O presidente do banco considerou ainda que a crise internacional deve desacelerar o ritmo de expansão das operações de crédito no Brasil, mas que o crescimento seguirá acima de dois dígitos em 2009. Em outubro, o banco informou ter incrementado suas operações em linha com o mercado, cerca de 3 por cento a mais do que em outubro.
A expectativa da instituição é de que o Produto Interno Bruto (PIB) do país cresça 2,5 por cento no próximo ano.
Os executivos do banco adiantaram também que a inadimplência deve se deteriorar em relação aos níveis atuais, mas que isso não deve implicar em provisionamento maior contra perdas.
"A inadimplência pode se deteriorar um pouco. Mas não acreditamos em aumento muito grande porque não haverá desemprego em massa. Nosso colchão de provisionamento é suficiente", disse Vargas.
Os executivos mostraram-se preocupados com uma desaceleração mais forte no setor automobilístico, segmento que liderou a expansão das operações de crédito para pessoa física nos últimos trimestres.
"Houve um exagero do mercado, trazendo consumidores que não tinham perfil adequado. Estamos esperando um crescimento menor para 2009", afirmou Cypriano.