O Brasil perdeu o título de campeão de juros reais -- taxa que desconta a inflação -- do mundo, posição que ocupava desde janeiro de 2010. Agora, a Rússia está na primeira posição do ranking com juros reais de 4,2%, enquanto a taxa no Brasil é de 3,4%.
Os dados são de um ranking elaborado pela corretora Cruzeiro do Sul, com 40 das maiores economias do planeta. Da taxa básica, foi descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses.
"A Rússia não passou para o primeiro lugar, foi o Brasil que apresentou um desempenho melhor. A explicação para isso é que o nosso país vive um processo consistente de queda da taxa básica, a Selic. Essa é uma mudança considerável. Houve um processo galopante de corte de juros nos últimos meses pelo Copom", afirma Jason Vieira, analista internacional da Cruzeiro do Sul Corretora.
Ele explica que a queda acentuada na inflação russa ajudou a elevar a taxa de juros daquele país. "Os preços estão caindo na Rússia e a inflação em queda desconta um percentual menor na taxa de juros, o que resulta numa queda menos veloz do juro real. Quanto menor a inflação, menos se desconta no juros. Os preços no Brasil também têm caído, mas não acompanham a magnitude da queda da Selic."
Segundo levantamento da corretora Cruzeiro do Sul, para que o Brasil deixasse a segunda colocação no ranking atual, seria necessário um corte de 1,5 ponto percentual na Selic. Assim, o país chegaria a um juro real de 2,8%, ficando atrás também da China, com atuais 2,9%.
Na lista dos países avaliados, mais da metade dos países citados, 22 no total, registram juro real negativo. Tanto que a taxa média geral dos 40 países analisados ficou em -0,5%. Os últimos lugares do ranking são ocupados por Turquia (-4,2), Cingapura (-4,4%) e Venezuela (-6,9%).