A crise econômico-financeira, a queda das bolsas e o aumento do desemprego são alguns dos problemas que o novo presidente dos Estados Unidos terá que enfrentar. Entretanto, nos 77 dias que se seguirão às eleições desta terça-feira (4) até a posse do novo presidente (20 de janeiro de 2009), esses problemas continuarão sendo de George W. Bush. Tanto Barack Obama quanto John McCain já indicaram que serão condescendentes com o atual presidente norte-americano. Em outras palavras, não deverão interferir na condução da política econômica do atual governo.
O vencedor da eleição será fortemente pressionado para tomar decisões fortes logo que termine a contagem de votos. Obama e McCain sabem disso. Contudo, a realidade provavelmente impedirá que o vencedor tome qualquer atitude.
O presidente eleito terá o apoio do país, mas nenhuma autoridade real no governo que assumirá apenas no final de janeiro de 2009. A maioria dos políticos resiste em assumir responsabilidade pública em temas delicados quando alguém mais está no cargo, especialmente quando os índices de aprovação estão nos níveis mais baixos já registrados desde que o instituto Gallup começou a levantar esse tipo de informação há 70 anos, como é o caso de Bush.
Além do mais, existe um protocolo tradicional no sistema político dos EUA, que rege a conduta de presidentes, ex-presidentes e presidentes eleitos. "Entende-se que só há um presidente", disse um assessor de Obama sobre a posição do candidato democrata. "Poderia haver muito envolvimento, mas isso não quer dizer que se vá substituir o atual presidente. Nada disso", disse Doug Holtz-Eakin, importante assessor político de McCain.
Normar Ornstein, especialista em processos de transição do Instituto Empresarial dos EUA, disse que o presidente eleito complicaria a situação se entrasse em atrito com o mandatário em final de mandato. "Pode-se criar uma enorme falta de confiança. Quanto mais delicada a situação, e a atual é muito delicada, mais cuidado deve-se ter", afirmou.
O último grande trabalho de Bush será organizar o pacote de socorro para o setor financeiro, de US$ 700 bilhões, que inclui uma grande quantidade de mecanismos para sanear as finanças das empresas a fim de descongelar os mercados de crédito. A orientação do pacote mudou várias vezes, à medida em que o governo teve que lidar com várias mudanças de cenário ao longo das últimas semanas. As informações são da Associated Press.