Brasil e México assinaram, durante visita de Estado da presidente Dilma Rousseff, um acordo de reconhecimento da cachaça e da tequila como produtos genuinamente brasileiro e mexicano, respectivamente. Com a denominação de origem assegurada, somente a bebida destilada nacional pode ser vendida no mercado mexicano com este nome, impedindo pirataria. O mesmo vale para a tequila em território brasileiro.
As duas bebidas foram as estrelas do almoço oferecido à presidente Dilma Rousseff pelo mandatário do México, Enrique Peña Nieto, no Palácio Nacional, construção imponente da época colonial que serve de sede ao governo mexicano. Peña Nieto ofereceu o brinde com a tequila. Já Dilma levantou a taça — e, mesmo em dieta, bebericou — com caipirinha à base de cachaça.
“Envidemos nossos esforços e nosso brinde com a tequila e com a cachaça, que tendem a se tornar os símbolos de nossa relação estreita, Brasil e México, México e Brasil”, afirmou Dilma, aos 200 convidados, entre eles autoridades e empresários mexicanos e brasileiros.
Ambos passando por turbulências políticas domésticas e com índices de popularidade em queda, Dilma e Peña Nieto foram só sorrisos e bom humor nas aparições públicas durante a visita de Estado. Conversaram e trocaram beijinhos na chegada da brasileira ao Palácio Nacional e revezaram-se em troca de elogios e reconhecimento às duas maiores economias da América Latina.
No brinde, Peña Nieto citou os inconfidentes mineiros e a escritora brasileira Cecília Meireles, enquanto Dilma lembrou a civilização asteca. Na declaração à imprensa, a brasileira citou o escritor e poeta mexicano Otavio Paz, prêmio Nobel de Literatura em 1990, para saudar a reaproximação entre México e Brasil.
“Creio que estamos abrindo um novo caminho. Como disse Otavio Paz, o mundo muda quando dois se olham e se reconhecem”, disse a presidente, que visitou os murais do pintor mexicano Diego Rivera que adornam paredes do Palácio Nacional.
Dilma ofereceu ainda condolências às famílias das vítimas do tornado anteontem que provocou inundações e estragos em Ciudad Acuña, próximo da fronteira com os Estados Unidos. Peña Nieto visitou a região pela manhã, antes de voltar à capital mexicana. O imprevisto atrasou o encontro de trabalho em quase duas horas.
A brasileira lembrou que Santa Catarina passou por tragédia semelhante recentemente e afirmou que estas ocorrências ampliam a importância de uma parceria entre os dois países na área ambiental assinada durante a viagem.